quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Conto Assombrado: O Lamento da Lua

Eu sempre achei que a casa da minha vizinha tinha um cheiro podre, mas ontem isso já estava em um nível insuportável, ao ponto que nem os gatos gostavam de se aproximar de lá, se bem que podia ser pelos dois cachorros que ela tem.

Era um exagero de casarão. Com dois portões de ferro clássicos de um filme de terror, já a casa, propriamente dita, ficava alguns metros a frente e o caminho até a porta era regado com folhas secas das árvores melancólicas do jardim.

Eu e meu amigo, T., tínhamos muito medo de lá. Havia um boato de que a velha era uma bruxa, e isso se espalhou entre as crianças do bairro com uma facilidade tremenda. Nunca soube o motivo real de essa história ter começado, mas acho que foi porque era comum ver ela sempre sozinha e que pela noite ouvíamos ela cantar coisas em uma língua estranha. Meu pai dizia que ela louvava os deuses do país dela, e que eles eram negros também (Só pode ser bruxaria então, todo mundo sabe que só existe um Deus, e que ele não é negro).

Ontem a noite, meus pais saíram, então chamei o T. para vir para cá, passar a noite. Nós tivemos a ideia de ir até lá, colocar um fim nessa história e, provavelmente, sermos as primeiras crianças do bairro a falar com a velha.

Em pouco tempo, já estávamos com medo saindo da minha casa e cruzando o portão, no percurso até a casa ao lado. T. falou:

“É um matadouro, tenho certeza”

“Aposto que ela tem um pacto com aqueles demônios! Ou vai ver ela que nem a garota daquele filme que seu irmão viu.”

Foi quando estancamos. Chegamos em frente ao portão de ferro, e nos lembramos que a velha tinha dois cachorros, mesmo não ouvindo eles latirem, ficamos com medo de nosso plano ir todo pelo ralo. Me senti como se realmente participasse de uma gangue, quando fomos buscar umas pedras para poder afugentar eles ou tirar a atenção das bestas caninas.

Conseguimos pular o portão sem maiores dificuldades, foi fácil apoiar os pés entre os ferros para eles servirem de apoio. A adrenalina tomava conta de nós dois. Estávamos invadindo uma casa. Estávamos invadindo a casa de uma bruxa.

A caminhada até a porta deve ter durado cerca de dois minutos, mas pareceram durar horas. Eu sentia que meu peito ia explodir, sempre que pisávamos em uma folha quebradiça ou quando o vento soprava mensagens em nossos ouvidos.

A outra surpresa foi quando chegamos à porta de madeira, e pensamos como iríamos abrir ela, não pensamos em nada antes de sair de casa, que droga.

“Vamos voltar?” Perguntei, torcendo que a resposta fosse um “sim”.

“Não...” Retrucou “Talvez esteja aberta...” Ele tentou falar confiante, mas eu sabia que estava mentindo, estava com tanto medo quanto eu.

Talvez o próprio diabo estivesse se divertindo as nossas custas, eu pensei. Mal sabia a verdade.
Meu pensamento provava-se cada vez mais verdade, quando T. empurrou a madeira e a porta abriu pesadamente.

Provavelmente a única coisa mais antiga que a proprietária era a própria morada, já que as dobradiças choraram quando foram forçadas a trabalhar. E o choro levou um arrepio até minha nuca que transformou-se em um grito que parou nos meus dentes cerrados.

A noite já engolia tudo e, como se desafiando a Criação, o interior da casa era ainda mais escuro que o céu. O cheiro que se projetava lá de dentro era insuportável, insinuando-se para nós dois como um alerta do que estávamos procurando.

Subi a camisa para evitar o mau-cheiro e vi T. à minha direita fazendo o mesmo, logo sua mão apertou meu ombro, para que não nos separássemos de forma alguma.

Optamos por deixar a porta aberta para a lua, nossa única amiga, que nos iluminava com seu sorriso sádico.

Com o auxílio da luz que vinha de fora, conseguíamos enxergar melhor como era a casa da velha bruxa.

Estávamos em uma sala com três sofás, empoeirados em praticamente todos os lugares, exceto por um canto em que ela devia sentar-se frequentemente, sozinha. Havia uma mesinha no meio dos sofás com um vaso com flores mortas, talvez pela falta de luz, de água ou pelo cheiro ruim. Tenho certeza de que poderia sentir o cheiro de mofo, caso estivéssemos em condições normais, mas não estávamos.

O outro cômodo era uma cozinha, com muito lixo amontoado, provavelmente era dali que vinha o odor desagradável, sacos e mais sacos de lixo estavam jogados a esmo em um canto e restos de comida estavam na pia. As vasilhas dos cachorros também estavam ali, vazias. As baratas não faziam cerimônia subindo as paredes, correndo por cima do lixo ou se banhando a imundice que era aquele cômodo.

Do outro lado, a escada em espiral para o próximo andar.

Não nos restava mais nada, a não ser subi-la para continuar nossa busca. Nesse ponto eu já estava morrendo de medo, queria voltar para casa. Mas se T. continuava, eu também tinha que ir. Que tipo de pessoa eu seria se meu amigo fosse até lá ver a bruxa e eu não?

A cada passo tímido e seco que dava, imaginava que a velha apareceria para nos pegar. Ela iria vir com sua barriga gorda em nossa direção com as mãos estendidas e os cabelos grisalhos volumosos e soltos.

Estávamos quase chegando ao andar de cima, quando para nosso alívio, ou terror, nos demos conta que ouvíamos a voz de alguém. Não identifiquei as palavras, mas ouvia dizer alguma coisa. Quando íamos subindo, me dei conta que era uma televisão, que a voz vinha de uma forma diferente, com um pouco de eco.

“Alguém?” Eu tentei falar, mas minha própria boca fez com que o som não saísse.
Rompendo o último degrau, vimos um quarto com a porta aberta e com uma fonte de luz. A velha devia estar lá. E Estava.

Agora as palavras da televisão passavam a fazer sentido e eu entendia um apresentador de jornal dando as notícias.

“...12% ao ano. E a polícia ainda investiga a série de assassinatos que parecem estar sem solução alguma...”

Infeliz coincidência. Pois quando entramos no quarto, vimos um quadro horroroso.
A velha estava em decomposição e os cachorros deviam ter tentado comer pedaços dela, mas estavam mortos próximos da velha. Ela estava caída perto da cama, como se puxada ao se levantar.
A televisão projetava nossas sombras como gigantes, nas paredes. Como colossos em um ensaio de dança, que se moviam de acordo com a luz, sempre fugindo dela.

Algo estava no escuro, nos esperando. Nós dois já havíamos conversado sobre isso. Que temos essa sensação, às vezes, quando acordamos de madrugada. Que preferimos ficar de olhos fechados para não ver o que quer que seja que está nos encarando. Como se o fato de não podermos ver isso, impedisse isso de nos ver.

Algo estava no escuro. Esperando a gente se virar, esperando apagarem a luz, esperando você piscar.
A lua já não mais sorria para nós. Nossa amiga chorava, vestindo-se de preto.assombrado.com.br 

Conto Assombrado: O Medo

Essa é uma historia de terror e suspense, intitulada O Medo, criada e redigida por Leandro Almeida, autor amador em horas vagas. Boa leitura.

Dizem que não existe coragem sem medo. Mas o que e a coragem? Será o achar que somos fortes? E o medo? Será a ausência dessa força? Então, será a coragem o oposto do medo? Muito se questiona sobre isso, mas uma coisa eu lhes digo, coragem meus amigos, é algo passageiro.

Em uma noite como outra qualquer, apos um dia cansativo de aula na faculdade, estava eu navegando na internet, sem ter muito que acessar, comecei a procurar por historias e contos de terror, uma coisa que a muito tempo não fazia. Em alguns minutos achei um site amador de historias de terror que tinham títulos bem chamativos, então comecei a ler algumas dessas historias, com o passar do tempo senti sono e fui para cama dormir, mas antes de adormecer (já deitado na cama) comecei a pensar nas historias que acabara de ler, com um misto de arrependimento e sarcasmo, ri de mim mesmo com medo dessas historias inventadas, pois não acreditava muito nessas coisas.

Mais esse pensamento não tardaria a mudar.

Peguei no sono em alguns minutos, assim a noite ia se passando, no meio da noite senti sede e fui à cozinha beber água, quando estava voltando para o quarto, escuto alguém batendo na porta da frente.
- Mas quem será a essa hora? - perguntei a mim mesmo.

Fui ate a porta e olhei no olho magico, mas não havia ninguém lá, estranhei isso e voltei a andar em direção ao quarto, quando novamente escutei batidas na porta, quando olhei através do olho magico, não havia ninguém lá, pensando que fosse uma brincadeira de mau gosto feita pelos amigos da faculdade decido abrir a porta para tentar descobrir quem poderia ser, mas não tinha ninguém ali, e nem pela vizinhança, nem uma alma viva estava ali por perto.

- O sono deve estar afetando meu cérebro - falo ha mim mesmo rindo.

Quando estava pra fechar a porta um vento gélido soprou e me fez ter um arrepio pelo corpo, um arrepio não de frio, e sim de medo. Achei aquilo muito estranho, mas o sono me fez esquecer tudo, então voltei a dormir.

No dia seguinte acordei cedo e fui trabalhar, ao voltar pra casa, na hora do almoço, vejo que a porta da frente da minha casa estava aberta, um pouco desesperado entro em casa para ver o que ocorria, e ao tentar ligar a luz percebo que a mesma não ascendia, não dando muita importância para isso, vejo que alguns moveis da sala estavam fora do lugar, onde não estavam antes, estranhei aquilo e comecei a ver se nada tinha sido roubado, pois a única hipótese era de que alguém entrara la para roubar, mas ao visualizar tudo cautelosamente percebo que nada fora levado, as coisas só estavam fora do lugar, então arrumei tudo, almocei, certifiquei-me de que a porta estava bem fechada e fui pra aula.

O caminho de volta pra casa era longo, tendo que pegar um ônibus e andar mais um quilometram a pé, eu sempre cortava caminho entre um campo de futebol para chegar mais rápido em casa, ao pular uma pequena cerca de arame, comecei a atravessar o campo, mas ao prestar atenção vejo um homem um tanto estranho de cabeça baixa vindo pelo lado oposto, na minha direção, e o que era mais estranho nele, era o longo, sobretudo preto que ele usava que cobria pernas e braços, com um pouco de receio em ver o estranho, vestido daquele jeito, tomo coragem e sigo meu caminho, quando o homem passa ao meu lado, o escuto sussurrando algo e achei aquilo um tanto estranho e me volto para traz pra perguntar o que ele dissera, mas quando olho para traz, ele não estava mais la, como num passe de magica ele havia sumido.

- Eh, Definitivamente estou ficando maluco - disse rindo.

Ao chegar em casa subo pro quarto e vou deitar pensando em tudo o que ocorrera, pensei no homem estranho que sussurrara algo pra mim, pensei também, nos moveis todos fora do lugar que vira pela manha e na minha porta aberta, que de acordo com os vizinhos eles nada viram ou escutaram. Não demorando muito, peguei no sono.

No meio da noite acordo escutando barulhos vindos da sala, por morar sozinho fiquei com medo em pensar que poderia ser algum ladrão ou qualquer maluco que invade casas, então tomo um pouco de coragem, pego uma lanterna (pelo fato de a energia ainda não ter voltado) e meu taco de beisebol, dado a mim pelo meu pai de presente do meu ultimo aniversario, e desço para verificar. Ao iluminar a sala, não vejo nada nem ninguém que pudesse ter feito os barulhos estranhos que ouvira, mas percebo que a porta estava aberta, com o medo a percorrer todo meu corpo, vou ate lá e a fecho, e ao me virar vejo tudo, no que eu não acreditava ou não queria acreditar. Na minha frente vejo aquele mesmo homem estranho, de, sobretudo preto a me encarar, os seus olhos eram vermelhos, um vermelho tão intenso que parecia sangue, ao encara-lo o homem tira a sua veste e revela um corpo humanoide pálido envolto por feridas de onde saiam larvas.

Não conseguia mexer meu corpo. Tudo o que estava acontecendo era irreal. Era o que eu queria acreditar.

Aquela coisa exalava um cheiro pútrido, como os dos cadáveres em decomposição, na boca, agora a amostra, havia uma cavidade do lado esquerdo, como se algo tivesse queimado aquela região, de onde se dava para ver os dentes, tão pontiagudos como o de uma fera. Sem saber o que fazer fico ali parado, com os olhos fixos nele. Com velocidade sobre humano aquele ser chega perto de mim e sussurra algo em meu ouvido, com uma voz demoníaca.

 - Não deveria abrir a porta.

Acordando no meio da noite com o coração acelerado, me vejo em frente ao computador, onde o mesmo ficava dentro do quarto, na tela estava uma historia de terror, nomeada de "O MEDO", onde a foto de capa da historia era aquele mesmo homem de, sobretudo preto e olhos vermelhos cor de sangue. Ao perceber meu engano, fiquei feliz ao saber que tudo não passou de um sonho.
assombrado.com.br
Será?

FIM!

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

PARA OS SEUS FILHOS 3 CONTOS DE HALLOWEEN PARA NOITE DAS BRUXAS!



3 CONTOS DE HALLOWEEN PARA NOITE DAS BRUXAS!


Aproxima-se a noite de Halloween... vai mascarar-se de quê, este ano? E porque não organizar uma festa com os seus amigos e vizinhos, mais os filhos de toda a gente? Lembra-se da diversão que era ouvir e contar histórias à volta da fogueira?
Três Contos de Medo para que se divirta contando-os aos seus filhos à luz ténue do fogo. Esperamos que se divirta!

O fantasma ganancioso

Anita era uma menina que acreditava na existência de fantasmas e ao aproximar-se o Dia das Bruxas ou Halloween, só queria sair à procura de guloseimas, na esperança de encontrar um fantasma assustador para apanhar um bom "susto". Escusado será dizer que Anita adorava histórias de terror.
Na noite de 31 de outubro, mascarou-se e com os seus amigos foi procurar doces e um pouco de aventura. Quando voltou para casa depois do jantar e já sem o disfarce, encontrou um bom local para guardar todos as guloseimas que tinha ganhado, escondendo-as bem, pois não queria partilhá-las com ninguém. Pouco depois adormeceu. À meia-noite, um barulho acordou-a, e de imediato pôs a cabeça de fora dos lençóis. Que susto! Aos pés da cama estava nada mais nada menos do que um... fantasma!
Todo de branco, deslizava, flutuando. Anita observou-o atentamente e quase sem respirar. De repente, o fantasma desapareceu. De manhã contou à sua família o que tinha acontecido durante a noite. A sua mãe tentava em vão convencê-la que tudo não passara de um sonho mas Anita insistiu que os pais a acompanhassem até ao quarto. Aí, Anita indicou o local do aparecimento do fantasma e... surpresa!
O esconderijo das guloseimas tinha sido assaltado! Não havia sinal dos caramelos, dos chocolates, nem dos chupas, conseguidas com tanto esforço no dia anterior. Teria sido o fantasma? Os fantasmas comem doces? Hoje, 22 anos depois, Anita ainda não tem respostas e os cientistas também não sabem em que consiste a dieta de um fantasma. O que Anita sabe é que se tivesse partilhado os seus doces naquele dia com os pais e irmãos não teria ficado sem eles. Por isso, neste Halloween, partilha os teus doces com quem puderes. Não esperes que seja um fantasma a comê-los!

Pedrinho e a lua cheia

Pedrinho tinha um medo irracional da lua cheia, desde sempre. Pensava que podia cair-lhe em cima, ou algo pior. Mas hoje era Halloween e o Pedrinho queria sair de casa para ir brincar com os seus amigos, todos mascarados. Mas não podia. Estava lua cheia! Contudo, foi convencido pelos seus amigos e acabou por sair. Ao princípio olhava para a lua de lado, mas depois acabou por ficar mais tranquilo, até se esquecer daquele receio.
A lua estava a ficar cada vez maior e às tantas saíram dela uns olhos enormes e um sorriso assustador, juntamente com uns dentes afiados. Pedrinho quase desmaiou. Desatou a correr para casa mas a lua começou a persegui-lo e, zás!, apanhou-o com as mãos e disse-lhe: “Pedrinho, sou a lua e hoje vais ser o meu jantar”.
Pedrinho tremia, assustado. Chorava abundantemente. A lua, surpreendida com o susto que tinha pregado, pensou que talvez tivesse exagerado. Lá relaxou um pouco e disse: "Desculpa Pedrinho, não tenhas medo, eu não sou má! E não te vou comer, só que como hoje é noite de Halloween eu também me queria mascarar, como vocês. Mas não tens que te assustar comigo, o meu único objetivo é dar luz à noite”.
A lua soltou então o Pedrinho, dando-lhe um suave empurrão, e despedindo-se com um tímido sorriso. Pedrinho, com os olhos abertos, decidiu ir para casa. E apercebeu-se de uma coisa: nunca mais voltaria a ter medo da lua pois ficara a perceber que a lua jamais lhe faria mal. Desde então, antes de se deitar, Pedrinho olha e despede-se da lua! E continua a fazê-lo!

A abóbora Ernesta

Era uma vez uma abóbora que vivia no campo, no meio de muitas outras abóboras cultivadas por um senhor camponês. Chamava-se Ernesta e era a mais pequena de todas as abóboras da horta. Por essa razão, um dia, o camponês pegou nela e deitou-a no lixo, dizendo: "Abóbora pequena, não me serves para nada".
Ernesta nem queria acreditar que estava a ser separada do resto de abóboras, e ficou tão triste e zangada que a sua aparência mudou. No seu rosto terno apareceram umas cicatrizes e o seu sorriso transformou-se numa careta assustadora. A partir desse dia, Ernesta decidiu aparecer todas as noites de Halloween para assustar as crianças da rua.
Quando o senhor camponês deu conta disto, percebeu que não devia ter tratado a abóbora Ernesta daquela forma. Mesmo sendo a mais pequena, merecia ser tratada como as outras abóboras. Mas já era tarde. Hoje, a abóbora Ernesta anda solta... se a vires por aí, avisa os teus pais para que a apanhem. Se voltar ao convívio com outras abóboras, talvez volte a ser boazinha. Ah, e nunca cometas o mesmo erro do senhor camponês!

O ambiente, fundamental!

Já sabe como vai decorar a sua casa para a tarde-noite de Halloween? Na internet pode encontrar muitas ideias. Faça pesquisa no nosso site pela palavra “Halloween” e veja os artigos que temos para si sobre este tema; receitas, máscaras, maquilhagens, decoração.
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Ghosts mais famosos World History * (Halloween Special)

 


La Llorona

. La Llorona

Na vida, Llorona estava loucamente apaixonado com um cavalheiro de origem espanhola mulheres indígenas. O resultado desse amor nasceram três filhos. No entanto, o homem apaixonado por uma espanhola que se casou, deixando o indígena que ainda mais enlouquecido de ciúmes, ela três jovens afogue em um rio e, horrorizado com o crime, ele iria cometer suicídio. É um fantasma na dor gritando "Oh, meus filhos!" Perto dos corpos de água. Não muito agradável: o rosto é um crânio assustador.



O Cavaleiro Sem Cabeça

 O Cavaleiro Sem Cabeça

Soldado alemão quem teve a má sorte de ser decapitado com sua própria mão espada de soldados inimigos. Com uma morte tão violenta, é normal a procurar susto todos.


The Flying Dutchman

The Flying Dutchman

É o navio fantasma mais famoso do mundo. Liderados por Van der Decken, que ficou louco para atravessar uma tempestade matando um de seus oficiais, o navio foi condenado a navegar até o Juízo Final, matando todos os marítimos que infelizmente encontrá-lo em seu rastro no oceano.
Casper

 Casper

Também conhecido como o "fantasma amigável" na vida era uma criança na morte tentando não assustar as pessoas
O Fantasma da Ópera

 O Fantasma da Ópera

é o famoso mito de Erik, ninguém sabe se realmente existiu, mas o que nós sabemos é que esobra Gaston Lerouxlistas.20minutos.es

quinta-feira, 25 de junho de 2015

A Ajuda do Espantalho


Numa cidadezinha do interior, um homem muito pobre tinha uma fazenda com plantação de milho, mas apesar disso passava necessidades, pois sua plantação era constantemente atacada por pássaros, sem ter o que comer, sua família ia se definhando. Um dia sua esposa chega e diz: -“Amor acabou a comida, não jantaremos essa noite”. O homem entra em desespero era ele sua mulher mais três filhos, deixar eles morrem de fome seria o fim. Meu deus o que eu faço? Clamou o pobre homem!

Então numa noite ele resolve fazer um espantalho de palha vestido com roupas velhas e uma careta mal feita. Então o homem já sem esperanças senta numa pedra bem de frente para o espantalho e clama por ajuda, do nada aparece um pequeno fogo embaixo do espantalho, então o espantalho soltou uma risada macabra, o homem achou que estava ficando louco e foi dormir. No outro dia a plantação voltou a dar frutos e os pássaros tinham ido embora, ninguém sabia o porquê dessa virada, só o homem e ele tratou de não contar a ninguém.

Com a família já prospera, o espantalho foi esquecido, ficou lá no meio da plantação, abandonado e cheio de teias de aranha. Um dia à noite o filho do homem estava brincando na plantação quando se deparou com o espantalho, o garoto meio pestinha pegou uma pedra e tacou no espantalho e começou a fazer chacotas, então o menino gritou dizendo que os olhos do espantalho ficaram vermelhos, depois disse que estava saindo uma fumaça de sua boca e por fim que tinha começado a se movimentar. Achando que era apenas uma brincadeira de criança a mulher ignora até ouvir um grito.

Eles se retiram correndo da casa e vão imediatamente em direção do local do grito da criança, o homem com uma espingarda e a mulher logo atrás, vão para o meio do milharal e se deparam com o corpo do menino caído lá no meio da plantação, ao chegarem perto percebem muito sangue e que ele está com a boca e os olhos costurados. A mulher solta um grito de pavor, o homem então olha para o espantalho e se culpando pela morte do filho, coloca fogo no espantalho, enquanto ele queima uma risada maléfica é ouvida, assustados eles resolvem abandonar a fazenda. Quando estavam saindo, uma fumaça preta subiu ao céu e se dissipou.

Aquela fazenda nuca mais foi habitada por ninguém, todos tinham medo, dizem que se passar a noite de lua cheia pode ouvir o espantalho dando risada junto com um menino pestinha com os olhos e boca costurados, e os que se atreveram a entrar na fazenda ou fazer chacotas, desaparecem misteriosamente, restando apenas sangue e roupas rasgadas.clubebrasileirodetrensfantasmas.com

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O HOMEM DE PRETO

Seu nome era Samuel. Ele estava em apuros.

Naquela noite escura, alguém o perseguia e desejava matá-lo. Sua vida corria risco, o tempo corria contra ele.
Qualquer movimento em falso e seu destino seria irreversível. O desespero tomava conta de seus sentidos.
E agora, o que fazer? Para onde ir?
Ele, simplesmente, não sabia nem ao menos se estaria vivo no minuto seguinte.
Tudo o que queria era que seu coração se acalmasse.
O tempo estava passando e o cansaço começou a dominá-lo. Suas pernas já não reagiam mais da mesma forma.
E, pouco a pouco, ele foi diminuindo o ritmo. Teria chegado seu fim? A morte o levaria naquela noite?
Não, Samuel não queria pensar no pior.
Ele ainda poderia fugir. Queria que o pesadelo acabasse. Já não tinha mais forças para correr.

Foi quando o avistou. Saiu do meio da escuridão e escondeu-se entre as sombras. Samuel gritou.
Entretanto, quem ouviria seus gritos naquele inferno?
Não havia para onde fugir.
Eram apenas eles dois. Lembrou-se, então, do revólver que portava na cintura.
Não tinha mais balas, mas se conseguisse dar-lhe uma coronhada, ele o deixaria inconsciente e conseguiria escapar.
Virou-se e não viu ninguém. Para onde teria ido? Como desaparecera? O medo se apoderava de Samuel.
A morte estava cada vez mais perto. Ele não tinha mais fôlego para continuar correndo.
Tentava encontrar um lugar seguro, mas seria em vão, não havia nenhum daquele lado da cidade.
Não tinha ninguém para ajudá-lo. Sua vida dependeria apenas dele mesmo.
Continuou correndo e, finalmente, aproximou-se de um prédio abandonado.
Agora, poderia refletir sobre o que estava acontecendo. Nada fazia sentido.

Por que aquela estranha figura sob um manto preto o perseguia? O que queria?
Quem era ele? Pela janela do corredor, avistava-se o mar.
No entanto, não era mais azul. Estava tingido de sangue. Samuel viu centenas de corpos boiando. Mortos.
Seria o Dia do Juízo Final? ...e foi lançado no mar, como um grande monte ardendo em fogo, e se tornou em sangue a terça parte do mar. E a terça parte das criaturas que viviam no mar morreu...
A Bíblia mencionava o Apocalipse. Não, não poderia ser verdade. Ele não queria acreditar.
Por que tudo aquilo estaria acontecendo? E qual a relação entre o mar e aquele estranho homem que o perseguia?
Ouviu um barulho – havia alguém ali. Ele poderia estar errado. Melhor não se descuidar.
Caminhou em direção ao som, abriu rapidamente a porta e viu um rato correr. Avistou mais um corpo.
Mas não apenas um. Havia outros em volta. O lugar cheirava à carne podre.

Cada vez tudo parecia fazer menos sentido.
O mar. Os mortos. O estranho sob um manto negro.
A cidade destruída. Teria chegado a hora que o Homem pagaria por tanta insensatez?
Afinal, estávamos nos destruindo uns aos outros, acabando com o planeta.
Os humanos haviam se esquecido de amar. Um novo barulho chamou sua atenção.
Seria aquele homem de preto? Sim, era ele. Podia vê-lo escondido em meio às sombras.
O homem sob o manto preto começou a caminhar em sua direção.
Agora, ele não iria conseguir escapar. Mais alguns metros e ele o alcançaria. Seu coração acelerou.
Sentiu um frio no estômago.
Ele foi tomado pelo medo. Agora não poderia mais correr. Foi então que o vulto saiu das sombras e se revelou.
Ele estava agora bem à sua frente.

O homem sob o manto preto tinha um rosto desfigurado. Não havia qualquer expressão nele.
Seus olhos eram os de um psicopata que não hesitaria matar, se precisasse. Ele se aproximou, tirando um facão ensangüentado que trazia preso à perna.
Samuel, por sua vez, tirou a arma do coldre, e apontou-a em direção a ele, que erguera o braço para desferir o golpe final.
E o inesperado aconteceu.
O estranho seguiu em frente e deu um talho em um dos corpos entre as centenas de mortos à sua volta.
Fazendo um corte longitudinal, o homem tirou um pedaço de carne e começou a devorá-lo.
Samuel sentiu uma sensação de alívio mesclada a um forte enjôo provocado por aquela cena grotesca.
Tudo agora fazia mais sentido – era apenas um homem tentando sobreviver em meio àquele caos:
A voz ouvida do pássaro insólito, sobre a chaminé da lareira: tão alto subirão os alqueires de trigo, que o homem devorará o homem.

Ele recordou essa quadra de Nostradamus, escrita há muitos séculos, que dizia que a fome no mundo chegaria a tal ponto que os homens se devorariam uns aos outros. Samuel agora compreendera tudo.
A destruição não viria dos céus, mas dos homens.
O Homem concretizara seu legado de morte, dando fim à própria raça. Durante a explosão, dois dias antes, Samuel batera a cabeça contra uma parede e ficara desacordado por algum tempo. Na véspera, ouvira boatos sobre o início da Terceira Guerra Mundial.
Não eram boatos. Todos haviam morrido por causa disso.
Tudo aconteceu tão rápido que não percebera. Ao acordar, não conseguia se lembrar de nada. Foi quando o pesadelo começou.
Um pesadelo real e assustador que ele preferia jamais tivesse começado.
Queria ter morrido naquele instante para não assistir à tamanha desgraça.
Não havia o que fazer a não ser fugir e rezar para não ser devorado pelo homem de preto ou, até mesmo, por outro sobreviventevalemdaimaginacao.com

O GATO PRETO


Gato Preto


Não espero nem solicito o crédito do leitor para a tão extraordinária e no entanto tão familiar história que vou contar. Louco seria esperá-lo, num caso cuja evidência até os meus próprios sentidos se recusam a aceitar. No entanto não estou louco, e com toda a certeza que não estou a sonhar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar hoje o meu espírito. O meu fim imediato é mostrar ao mundo, simples, sucintamente e sem comentários, uma série de meros acontecimentos domésticos. 

Nas suas consequências, estes acontecimentos aterrorizaram-me, torturaram-me, destruíram-me. No entanto, não procurarei esclarecê-los. O sentimento que em mim despertaram foi quase exclusivamente o de terror; a muitos outros parecerão menos terríveis do que extravagantes. Mais tarde, será possível que se encontre uma inteligência qualquer que reduza a minha fantasia a uma banalidade. Qualquer inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a minha encontrará tão somente nas circunstâncias que relato com terror uma sequência bastante normal de causas e efeitos. 

Já na minha infância era notado pela docilidade e humanidade do meu carácter. Tão nobre era a ternura do meu coração, que eu acabava por tornar-me num joguete dos meus companheiros. Tinha uma especial afeição pelos animais e os meus pais permitiam-me possuir uma grande variedade deles. Com eles passava a maior parte do meu tempo e nunca me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer e os acariciava. Esta faceta do meu carácter acentuou-se com os anos, e, quando homem, aí achava uma das minhas principais fontes de prazer. Quanto àqueles que já tiveram uma afeição por um cão fiel e sagaz, escusado será preocupar-me com explicar-lhes a natureza ou a intensidade da compensação que daí se pode tirar. No amor desinteressado de um animal, no sacrifício de si mesmo, alguma coisa há que vai direito ao coração de quem tão frequentemente pôde comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade do homem. 

Casei jovem e tive a felicidade de achar na minha mulher uma disposição de espírito que não era contrária à minha. Vendo o meu gosto por animais domésticos, nunca perdia a oportunidade de me proporcionar alguns exemplares das espécies mais agradáveis. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho, e um gato. 

Este último era um animal notavelmente forte e belo, completamente preto e excepcionalmente esperto. Quando falávamos da sua inteligência, a minha mulher, que não era de todo impermeável à superstição, fazia frequentes alusões à crença popular que considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer que falasse deste assunto sempre a sério, e se me refiro agora a isto não é por qualquer motivo especial, mas apenas porque me veio à ideia. Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predilecto e companheiro de brincadeiras. Só eu lhe dava de comer e seguia-me por toda a parte, dentro de casa. Era até com dificuldade que conseguia impedir que me seguisse na rua. 

A nossa amizade durou assim vários anos, durante os quais o meu temperamento e o meu carácter sofreram uma alteração radical - envergonho-me de o confessar - para pior, devido ao demónio da intemperança. De dia para dia me tornava mais taciturno, mais irritável, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Permitia-me usar de uma linguagem brutal com minha mulher. Com o tempo, cheguei até a usar de violência. Evidentemente que os meus pobres animaizinhos sentiram a transformação do meu carácter. Não só os desprezava como os tratava mal. Por Plutão, porém, ainda nutria uma certa consideração que me não deixava maltratá-lo. Quanto aos outros, não tinha escrúpulos em maltratar os coelhos, o macaco e até o cão, quando por acaso ou por afeição se atravessavam no meu caminho. 

Mas a doença tomava conta de mim - pois que doença se assemelha à do álcool? - e, por fim, até o próprio Plutão, que estava a ficar velho e, por consequência, um tanto impertinente, até o próprio Plutão começou a sentir os efeitos do meu carácter perverso. 

Certa noite, ao regressar a casa, completamente embriagado, de volta de um dos tugúrios da cidade, pareceu-me que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, horrorizado com a violência do meu gesto, feriu-me ligeiramente na mão com os dentes. Uma fúria dos demónios imediatamente se apossou de mim. Não me reconhecia. Dir-se-ia que a minha alma original se evolara do meu corpo num instante e uma ruindade mais do que demoníaca, saturada de genebra, fazia estremecer cada uma das fibras do meu corpo. Tirei do bolso do colete um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pelo pescoço e, deliberadamente, arranquei-lhe um olho da órbita! Queima-me a vergonha e todo eu estremeço ao escrever esta abominável atrocidade. 

Quando, com a manhã, me voltou a razão, quando se dissiparam os vapores da minha noite de estúrdia, experimentei um sentimento misto de horror e de remorso pelo crime que tinha cometido. Mas era um sentimento frágil e equívoco e o meu espírito continuava insensível. Voltei a mergulhar nos excessos, e depressa afoguei no álcool toda a recordação do acto. 

Entretanto, o gato curou-se lentamente. A órbita agora vazia apresentava, na verdade, um aspecto horroroso, mas o animal não aparentava qualquer sofrimento. Vagueava pela casa como de costume, mas, como seria de esperar, fugia aterrorizado quando eu me aproximava. Porém, restava-me ainda o suficiente do meu velho coração para me sentir agravado por esta evidente antipatia da parte de um animal que outrora tanto gostara de mim. Em breve este sentimento deu lugar à irritação. E para minha queda final e irrevogável, o espírito da PERVERSIDADE fez de seguida a sua aparição. Deste espírito não cura a filosofia. No entanto, não estou mais certo da existência da minha alma do que do facto que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano; uma dessas indivisas faculdades primárias, ou sentimentos, que deu uma direcção ao carácter do homem. Quem se não surpreendeu já uma centena de vezes cometendo uma acção néscia ou vil, pela única razão de saber que a não devia cometer? Não temos nós uma inclinação perpétua, pese ao melhor do nosso juízo, para violar aquilo que constitui a Lei, só porque sabemos que o é? E digo que este espírito de perversidade surgiu para minha perda final. Foi este anseio insondável da alma por se atormentar, por oferecer violência à sua própria natureza, por fazer o mal só pelo mal, que me forçou a continuar e, finalmente, a consumar a maldade que infligi ao inofensivo animal. Certa manhã, a sangue-frio, passei-lhe um nó corredio ao pescoço e enforquei-o no ramo de uma árvore; enforquei-o com as lágrimas a saltarem-me dos olhos e com o mais amargo remorso no coração; enforquei-o porque sabia que me tinha tido afeição e porque sabia que não me tinha dado razão para a torpeza; enforquei-o porque sabia que ao fazê-lo estava cometendo um pecado, um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal a ponto de a colocar, se tal fosse possível, mesmo para além do alcance da infinita misericórdia do Deus Mais Piedoso e Mais Severo. 

Na noite do próprio dia em que este acto cruel foi perpetrado, fui acordado do sono aos gritos de «Fogo!». As cortinas da minha cama estavam em chamas; toda a casa era um braseiro. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens materiais foram destruídos, e daí em diante mergulhei no desespero. 

Sou superior à fraqueza de procurar estabelecer uma seqüência de causa a efeito entre a atrocidade e o desastre. Limito-me, porém, a narrar uma cadeia de acontecimentos e não quero deixar nem um elo sequer incompleto. Nos dias que se sucederam ao incêndio, visitei as ruínas. As paredes, à exceção de uma, tinham abatido por completo. Esta exceção era constituída por um tabique interior, não muito espesso, que estava sensivelmente a meio da casa, e de encontro ao qual antes ficava a cabeceira da minha cama. O reboco resistira em grande parte à ação do fogo, fato que atribuo a ter sido pouco antes restaurado. 

Próximo desta parede juntara-se uma densa multidão e muitas pessoas pareciam estar a examinar certa zona em particular, com minúcia e grande atenção. A minha curiosidade foi despertada pelas palavras «estranho», «singular» e outras expressões semelhantes. Aproximei-me e vi, como se fora gravado em baixo revelo, sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem estava desenhada com uma precisão realmente espantosa. Em volta do pescoço do animal estava uma corda.

Mal vi a aparição, pois nem podia pensar que doutra coisa se tratasse, o meu assombro e o meu terror foram imensos. Por fim, a reflexão veio em meu auxílio. Lembrei-me que o gato fora enforcado num jardim junto à casa. Após o alarme de incêndio, O dito jardim fora imediatamente invadido pela multidão e por alguém que deve ter cortado a corda do gato e o deve ter lançado para dentro do meu quarto, por uma janela aberta. Isto deve ter sido feito, provavelmente, com a intenção de me acordar. A queda das outras paredes tinha comprimido a vítima da minha crueldade na substância do reboco recentemente aplicado e cuja cal, combinada com as chamas e o amoníaco do cadáver, tinha produzido a imagem tal como eu a via. 

Tendo assim satisfeito prontamente a minha razão - que não totalmente a minha consciência - sobre o facto extraordinário atrás descrito, não deixou este, no entanto, de causar profunda impressão na minha imaginação. Durante meses não consegui libertar-me do fantasma do gato, e, durante este período, voltou-me ao espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso, mas que o não era. Cheguei ao ponto de lamentar a perda do animal e a procurar à minha volta, nos sórdidos tugúrios que agora frequentava com assiduidade, um outro animal da mesma espécie e bastante parecido que preenchesse o seu lugar. 

Uma noite, estava eu sentado meio aturdido num antro mais do que infamante, a minha atenção foi despertada por um objecto preto que repousava no topo de um dos enormes toneis de gin ou de rum que constituíam o principal mobiliário do compartimento. Havia minutos que olhava para a parte superior do tonel, e o que agora me causava surpresa era o facto de não me ter apercebido mais cedo do objecto que estava em cima. Aproximei-me e toquei-lhe com a mão. Era um gato preto, um gato enorme, tão grande como Plutão e semelhante a ele em todos os aspectos menos num. Plutão não tinha sequer um único pêlo branco no corpo, enquanto este gato tinha uma mancha branca, grande mas indefinida, que lhe cobria toda a região do peito. 

Quando lhe toquei, imediatamente se levantou e ronronou com força, roçou-se pela minha mão, e parecia contente por o ter notado. Era este, pois, o animal que eu procurava. Imediatamente propus a compra ao dono, mas este nada tinha a reclamar pelo animal, nada sabia a seu respeito, nunca o tinha visto até então. 

Continuei a acariciá-lo, e quando me preparava para ir para casa, o animal mostrou-se disposto a acompanhar-me. Permiti que o fizesse, inclinando-me de vez em quando para o acariciar enquanto caminhava. Quando chegou a casa, adaptou-se logo e logo se tornou muito amigo da minha mulher. 

Pela minha parte, não tardou em surgir em mim uma antipatia por ele. Era exactamente o reverso do que eu esperava, mas, não sei como nem porquê, a sua evidente ternura por mim desgostava-me e aborrecia-me. Lentamente, a pouco e pouco, esses sentimentos de desgosto e de aborrecimento transformaram-se na amargura do ódio. Evitava o animal; um certo sentimento de vergonha e a lembrança do meu anterior acto de crueldade impediram-me de o maltratar fisicamente. Abstive-me, durante semanas, de o maltratar ou exercer sobre ele qualquer violência, mas, gradualmente, muito gradualmente, cheguei a nutrir por ele um horror indizível e a fugir silenciosamente da sua odiosa presença como do bafo da peste. 

O que aumentou, sem dúvida, o meu ódio pelo animal foi descobrir, na manhã do dia seguinte a tê-lo trazido para casa, que, tal como Plutão, tinha também sido privado de um dos seus olhos. Esta circunstância, contudo, mais afeição despertou na minha mulher, que, como já disse, possuía em alto grau aquele sentimento de humanidade que fora em tempos característica minha e a fonte de muitos dos meus prazeres mais simples e mais puros. 

Com a minha aversão pelo gato parecia crescer nele a sua preferência por mim. Seguia os meus passos com uma pertinácia que seria difícil fazer compreender ao leitor. Sempre que me sentava, enroscava-se debaixo da minha cadeira ou saltava-me para os joelhos, cobrindo-me com as suas repugnantes carícias. Se me levantava para caminhar, metia-se-me entre os pés e quase me fazia cair ou, fincando as suas garras compridas e aguçadas no meu roupão, trepava-me até ao peito. Em tais momentos, embora a minha vontade fosse matá-lo com uma pancada, era impedido de o fazer, em parte pela lembrança do meu crime anterior mas, principalmente, devo desde já confessá-lo, por um verdadeiro medo do animal. 

Este medo não era exactamente o receio de um mal físico; no entanto, é me difícil defini-lo de outro modo. Quase me envergonhava admitir - sim, mesmo aqui, nesta cela de malfeitor, eu me envergonho de admitir - que o terror e o horror que o animal me infundia se viam acrescidos de uma das fantasias mais perfeitas que é possível conceber. Minha mulher tinha-me chamado várias vezes a atenção para o aspecto da mancha de pêlo branco de que já falei, e que era a única diferença aparente entre o estranho animal e aquele que eu tinha eliminado. O leitor lembrar-se-á que esta marca, embora grande, era, originariamente, bastante indefinida, mas, gradualmente, por fases quase imperceptíveis e que durante muito tempo a minha razão lutou por rejeitar como fantasiosas, assumira, finalmente, uma rigorosa nitidez de contornos. Era agora a imagem de um objecto que me repugna mencionar, e por isso eu o odiava e temia acima de tudo, e ter-me-ia visto livre do monstro se o ousasse. Era agora a imagem de uma coisa abominável e sinistra: a imagem da forca!, oh!, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte. 

Por essa altura, eu era, na verdade, um miserável maior do que toda a miséria humana. E um bruto animal cujo semelhante eu destruíra com desprezo, um bruto animal a comandar-me, a mim, um homem, feito à imagem do Altíssimo - oh!, desventura insuportável. Ah, nem de dia nem de noite, nunca, oh!, nunca mais, conheci a bênção do repouso! Durante o dia o animal não me deixava um só momento. De noite, a cada hora, quando despertava dos meus sonhos cheios de indefinível angústia, era para sentir o bafo quente daquela coisa sobre o meu rosto e o seu peso enorme, encarnação de um pesadelo que eu não tinha forças para afastar, pesando-me eternamente sobre o coração. Sob a pressão de tormentos como estes, os fracos resquícios do bem que havia em mim desapareceram. Só os pensamentos pecaminosos me eram familiares - os mais sombrios e os mais infames dos pensamentos. A tristeza do meu temperamento aumentou até se tornar em ódio a tudo e à humanidade inteira. Entretanto, a minha dedicada mulher era a vítima mais usual e paciente das súbitas, frequentes e incontroláveis explosões de fúria a que então me abandonava cegamente. 

Um dia acompanhou-me, por qualquer afazer doméstico, à cave do velho edifício onde a nossa pobreza nos forçava a habitar. O gato seguiu-me nas escadas íngremes e quase me derrubou, o que me exasperou até à loucura. Apoderei-me de um machado, e desvanecendo-se na minha fúria o receio infantil que até então tinha detido a minha mão, desferi um golpe sobre o animal, que seria fatal se o tivesse atingido como eu queria. Mas o golpe foi sustido diabólicamente pela mão da minha mulher. Enraivecido pela sua intromissão, libertei o braço da sua mão e enterrei-lhe o machado no crânio. Caiu morta, ali mesmo, sem um queixume. 

Consumado este horrível crime, entreguei-me de seguida, com toda a determinação, à tarefa de esconder o corpo. Sabia que não o podia retirar de casa, quer de dia quer de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos. Muitos projectos se atropelaram no meu cérebro. Em dado momento, cheguei a pensar em cortar o corpo em pequenos pedaços e destruí-los um a um pelo fogo. Noutro, decidi abrir uma cova no chão da cave. Depois pensei deitá-lo ao poço do jardim, ou metê-lo numa caixa como qualquer vulgar mercadoria e arranjar um carregador para o tirar de casa. Por fim, detive-me sobre o que considerei a melhor solução de todas. Decidi emparedá-lo na cave como, segundo as narrativas, faziam os monges da Idade Média às suas vítimas. 

A cave parecia convir perfeitamente aos meus intentos. As paredes não tinham sido feitas com os acabamentos do costume e, recentemente, tinham sido todas rebocadas com uma argamassa grossa que a humidade ambiente não deixara endurecer. Além do mais, numa das paredes havia uma saliência causada por uma chaminé falsa ou por uma lareira que tinha sido entaipada para se assemelhar ao resto da cave. Não duvidei que me seria fácil retirar os tijolos neste ponto, meter lá dentro o cadáver e tornar a pôr a taipa como antes, de modo que ninguém pudesse lobrigar qualquer sinal suspeito. 

Não me enganei nos meus cálculos. Com o auxílio de um pé-de-cabra retirei facilmente os tijolos, e depois de colocar cuidadosamente o corpo de encontro à parede interior, mantive-o naquela posição ao mesmo tempo que, com um certo trabalho, devolvia a toda a estrutura o seu aspecto primitivo. 

Usando de toda a precaução, procurei argamassa, areia e fibras com que preparei um reboco que se não distinguia do antigo e, com o maior cuidado, cobri os tijolos. Quando terminei, vi com satisfação que tudo estava certo. A parede não denunciava o menor sinal de ter sido mexida. Com o maior escrúpulo, apanhei do chão os resíduos. Olhei em volta, triunfante, e disse para comigo: «Aqui, pelo menos, não foi infrutífero o meu trabalho.» 

A seguir procurei o animal que tinha sido a causa de tanta desgraça, pois que, finalmente, tinha resolvido matá-lo. Se o tivesse encontrado naquele momento, era fatal o seu destino. Mas parecia que o astuto animal se alarmara com a violência da minha cólera anterior e evitou aparecer-me na frente, dado o meu estado de espírito. É impossível descrever ou imaginar a intensa e aprazível sensação de alívio que a ausência do detestável animal me trouxe. Não me apareceu durante toda a noite, e deste modo, pelo menos por uma noite, desde que o trouxera para casa, dormi bem e tranquilamente; sim, dormi, mesmo com o crime a pesar-me na consciência. 

Passaram-se o segundo e terceiro dias e o meu verdugo não aparecia. Mais uma vez respirei como um homem livre. O monstro, aterrorizado, tinha abandonado a casa para sempre! Nunca mais voltaria a vê-lo! 

Suprema felicidade a minha! A culpa da acção tenebrosa inquietava-me pouco. Fizeram-se alguns interrogatórios que colheram respostas satisfatórias. Fez-se inclusivamente uma busca, mas, naturalmente, nada se descobriu. Dava como certa a minha felicidade futura. 

No quarto dia após o crime, surgiu inesperadamente em minha casa um grupo de agentes da Polícia que procederam a uma rigorosa busca. Eu, porém, confiado na impenetrabilidade do esconderijo, não sentia qualquer embaraço. Os agentes quiseram que os acompanhasse na sua busca. Não deixaram o mínimo escaninho por investigar. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram à cave. Nem um músculo me tremeu. O meu coração batia calmamente como o coração de quem vive na inocência. Percorri a cave de ponta a ponta. De braços cruzados no peito, andava descontraído de um lado para o outro. Os agentes estavam completamente satisfeitos e prontos para partir. O júbilo do meu coração era demasiado intenso para que o pudesse suster. Ansiava por dizer pelo menos uma palavra à guisa de triunfo e para tornar duplamente evidente a sua convicção da minha inocência. 

- Senhores - disse por fim, quando iam a subir os degraus. - Estou satisfeito por ter dissipado as vossas suspeitas. Desejo muita saúde para todos, e um pouco mais de cortesia. A propósito, esta casa está muito bem construída (e no meu furioso desejo de dizer qualquer coisa com à-vontade, mal sabia o que estava a dizer). Direi, até, que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes... vão-se já embora, meus senhores?... Estas paredes estão solidamente ligadas. - E neste momento, por uma frenética fanfarronice, bati com força, com uma bengala que tinha na mão, na parede atrás da qual se encontrava o cadáver da minha querida esposa. 

Ah!, que Deus me livre das garras do arquidemónio! Mal tinha o eco das minhas pancadas mergulhado no silêncio, quando uma voz lhes respondeu de dentro do túmulo: um gemido, a princípio abafado e entrecortado como o choro de urna criança, que depois se transformou num prolongado grito sonoro e contínuo, extremamente anormal e inumano. Um bramido, um uivo, misto de horror e de triunfo, tal como só do inferno poderia vir, provindo das gargantas conjuntas dos condenados na sua agonia e dos demónios no gozo da condenação. 

Seria insensato falar dos meus pensamentos. Senti-me desfalecer e encostei-me à parede da frente. Tolhidos pelo terror e pela surpresa, os agentes que subiam a escada detiveram-se por instantes. Logo a seguir, doze braços vigorosos atacavam a parede. Esta caiu de um só golpe. O cadáver, já bastante decomposto e coberto de pastas de sangue, apareceu erecto frente aos circunstantes. Sobre a cabeça, com as vermelhas fauces dilatadas e o olho solitário chispando, estava o odioso gato cuja astúcia me compelira ao crime e cuja voz delatora me entregava ao carrasco. Eu tinha emparedado o monstro no túmuloalemdaimaginacao.com!