segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Toccata in de Mole-Mannheim Steamroller

Conto : A casa do monstro





. Em uma vila, distante dos grandes centros urbanos, havia uma casa velha habitada por um homem muito esquisito. Era um velho, magro, orelhudo e peludo. Ele nunca saia de dentro de casa e, quando isso acontecia, era tarde da noite. O velho sempre andava com uma sacola nas costas. Haviam na vila também três crianças muito corajosas: a Pietra, o Miguel e o Emanuel. Os três notaram que os brinquedos favoritos das crianças daquela vila estavam sumindo e começaram a desconfiar que estavam dentro do saco do velho e que depois ele levava para dentro de sua casa. Então, os três resolveram seguir o velho de noite para descobrir o mistério dos brinquedos desaparecidos. Era dia de lua cheia. Com bastante cuidado, seguiram o velho até o cemitério da cidade. Então o velho parou e olhou para aquela lua enorme e amarela  e começou a se transformar em um monstro de garras e dentes afiados, peludo e horroroso. Era um lobisomem. As crianças começaram a correr desesperadas, despertando a atenção do monstro que começou a correr atrás delas logo em seguida. Foi uma gritaria, mas seus pais e nenhum outro adulto poderiam ouvi-las, pois estavam muito longe de casa, o jeito foi colocar sebo nas canelas e correr o mais rápido que puderem. Só que no meio do desespero, Pietra tropeça num galho de árvore e cai. O lobisomem alcança ela. Seus dentes contra a luz mostravam o quanto eram afiados. Os meninos decidiram voltar e salvar sua amiga. Mas neste instante, a correria que durou a noite toda, começou a amanhecer. Enquanto o como fazer blog sol foi surgindo, o lobisomem começou a se destransformar. O velho olhou para as crianças assustadas e começou a chorar e a pedir desculpas. Contou que gosta muito de crianças e que sua profissão é consertar brinquedos, porém, uma bruxa o transformou nessa coisa feia como castigo por ele ter se recusado a roubar os brinquedos das crianças para ela. Pietra, Miguel e Emanuel matutaram uma maneira de ajudar o velho e resolveram ir até a casa da bruxa. Pegaram seus brinquedos favoritos e decidiram presenteá-la em troca dela quebrar a maldição do velho. Mesmo correndo o risco dela ficar furiosa e transformá-los em lobisomens e lobismulher decidiram ir adiante com o plano. A bruxa, pronta para lançar qualquer feitiço maldoso, quando viu os presentes, ficou muito emocionada com o gesto das crianças. Ela se emocionou porque nunca ninguém lhe havia dado um presente antes. Natal, Dia Das Crianças, Aniversário... quem é que sabe o dia do aniversário de alguma bruxa? Pedido concedido. O velho, que agora atende pelo nome de Seu Bonfim, devolveu os brinquedos desaparecidos das crianças da vila, só que agora em bom estado, pois, de tanto brincarem, precisavam de reparo. Fez também novos brinquedos para os três heróis mirins e a bruxa despertou dentro de si a criança que nunca foi brincando com seus presentes. Mas as crianças decidiram não ser mais tão corajosas. Desta vez o final foi feliz, na próxima é melhor não arriscar.

 Conto criado para meus alunos,  que são uma das luzes no fim do meu túnel,  um dos finais felizes da minha história. Contos de Terror - Halloween.felicidadeoscilante.com

Semana de Halloween – O terror de Slender


Tem muito marmanjão que, quando tinha nossa idade, ficava com muito medo dos games da época como Silent HillAlone in The Dark e os primeiros Resident Evil, entre outros. Atualmente, porém, existe um jogo do qual até os gamers mais durões ficam medo só de ouvir o nome: Slender!
Conhecido também como Slender: The Eight Pages, ele foi lançado em junho de 2012 para PC e Mac e traz uma trama baseada em uma lenda urbana norte-americana conhecida como Slender Man. Diz o mito que o Slender Man rapta crianças (de preferência, meninas) à noite em florestas com seus tentáculos e as leva para a terra dos pés juntos.
O game tem um único objetivo: fazer com que o jogador colete oito folhas de papel espalhadas pelo cenário. As páginas possuem recados desesperados e desenhos do Slender Man, provavelmente feitos pelas vítimas. A cada página recolhida, a sinistra trilha sonora começa a acelerar seu ritmo, dando a sensação de que o monstro está bem perto. E, se você o encontra, não há como enfrentá-lo: é preciso desviar o olhar e sair correndo, ou então…
O game é em primeira pessoa e tem uma jogabilidade muito boa, com o personagem respondendo bem aos nossos comandos. A música também é muito bem apropriada para um jogo de terror como esse. O cenário consegue ser bem assustador. Imagine você sozinho, armado apenas com uma lanterna, numa floresta muito escura e com um maníaco te perseguindo. Loucura, não?
Mesmo sendo curto, o jogo resgata as raízes dos games de terror mais antigos, da década de 90. Recentemente, a produtora Blue Isle lançou uma versão de Slender para o sistema iOS e anunciou uma sequência que se chamará Slender: The Arrival, e que ainda não tem previsão de lançamento.
Ficou a fim de jogar? Aproveite o Halloween e vá em frente! Mas atenção, marinheiros de primeira viagem: vocês precisarão de muita prática para coletar as oito páginas sem que o Slender Man os veja. Se bobear, é susto na certa.

Semana de Halloween – Top 5 coisas que davam medo quando éramos crianças

Medo: se você disser que nunca teve, estará mentindo. Na infância, então, todo mundo teve algum ponto fraco, um medo específico que era especialmente aterrorizante. Apague a luz e confira nosso Top 5 dos piores…
5) Velho do Saco
Se você é desobediente e sai de casa sem seus pais por perto, cuidado! O Velho do Saco irá capturá-lo e jogá-lo dentro de sua sacola cheia de outras crianças! Essa era mais uma das velhas histórias contadas por nossos pais na tentativa de tornar os filhos mais bonzinhos… A lenda original, surgida na Inglaterra, dizia que os pais amarravam fitas vermelhas nos pés da cama do filho mais levado. Assim, quando chegasse a noite, o Velho já saberia qual criança devia levar.
4) Loira do Banheiro
Quem nunca ouviu falar da famosa e sinistra Loira do Banheiro que atire a primeira pedra! A assustadora garota loira, toda ensanguentada e com algodão nas narinas, já há muito tempo vem assombrando os banheiros das escolas. Versões para a história não faltam: há quem diga que a Loira era uma menina que escorregou no piso molhado, bateu a cabeça e morreu; outros contam que a garota morta foi, na verdade, uma professora que era apaixonada por um aluno e acabou sendo assassinada pelo seu marido.
Se para a personagem já foram criadas tantas origens, nem se fala nos inúmeros rituais que o pessoal menciona para invocá-la. Dar descarga três vezes, chutar o vaso sanitário, pronunciar palavrões ou até mesmo chamar pela Loira em frente ao espelho, tudo vale para que ela apareça ao seu lado.
3) Brinquedos amaldiçoados
Histórias de brinquedos do mal sempre fizeram parte da nossa infância. Volta e meia aparecia algum boneco com fama suspeita. Hello Kitty que homenageava o demônio, bonecas da Xuxa que respiravam, boneco do Fofão com uma faca dentro e vários outros brinquedos já foram apontados como tendo por trás uma história macabra. Mas o horror até que tem fundamento… Quem é que não fica com medo quando encara aquelas carinhas de bebês das bonecas, com seus sorrisos forçados e olhos vidrados?
2) Palhaços
Não são somente crianças que sofrem com o medo desses personagens maquiados: jovens e adultos também têm uma grande aversão a essas figuras. Existe até a Coulrofobia, designação psiquiátrica para quem tem um receio excessivo de palhaços. Muito representados em programas infantis, eles logo passaram a fazer parte das telonas em grandes filmes de terror como It, Uma Obra-Prima do Medo e Palhaços Assassinos do Espaço Sideral.
1) Escuro
O maior medo de todos! Bruxas, espíritos, vampiros, o clássico Bicho-Papão e outros tantos têm sua morada na obscuridade. Esse horror que a maioria de nós tem das trevas pode estar associado ao fato de que a visão é um dos principais sentidos do corpo humano e que, quando estamos em lugares com pouca luminosidade, nos sentimos limitados, à mercê de armadilhas. Egípcios, maias e astecas, por exemplo, acreditavam que os deuses do Sol enfrentavam enormes batalhas durante a noite e vencê-las significava que o dia voltaria a nascer. Já perdê-las resultaria na escuridão eterna. Outras culturas acreditavam que os pesadelos eram causados por demônios, e dormir em completa escuridão facilitaria o trabalho dessas criaturas.
E aí, ficou com medo? Não? Então veja o vídeo abaixo e durma tranquilo!
Comente!mundoestranho.abril.com.br

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Top 10 Creepy Videos(1/2)

Top 10 Creepy Videos(2/2)

Los Cuentos Del Tio Creepy 01 El Cuadro Del Mal

Acampamento Sinistro - 1983 (Legendado)

O Baile
Era um sábado à noite... O baile iria começar às 23:00 hs. Todos chiques, bem arrumados, vestidos para uma noite de gala. Mulheres lindas, homens charmosos.
Richard tinha ido ao baile sozinho. Não tinha namorada, apesar de ser muito bonito. No baile conheceu uma moça muito bonita que estava sozinha e procurava alguém com quem dançar.
Richard dançou com ela a noite toda, e conversaram por muito tempo. Acabaram se apaixonando naquela noite, mas tudo só ficou na conversa e no romantismo. No final do baile, Richard prometeu que levaria a moça embora, mas de repente ela sumiu. Ele procurou-a por todo o salão por muito tempo. Como não encontrou, desistiu e foi embora.
No caminho para sua casa, ainda muito triste, ele passou em frente ao cemitério e viu a moça entrando lá. Desconfiou do que tinha visto... suspeitou que fosse o cansaço e que estivesse sonhando.
Quando Richard chegou em casa, ele não conseguia dormir, nem parava de pensar na cena que tinha visto da moça entrando no cemitério.
Quando amanheceu o dia, Richard não se conteve e foi ao cemitério. Estava vazio e ele não encontrou ninguém. Passando por um dos túmulos, ele encontrou a foto da garota, vestida como no baile. E lá estava registrado que ela tinha morrido há dez anos.
As pessoas que estavam no baile perguntou com quem ele avia ido ao baile,  ninguém viu a moça com que Richard dançou a noite toda, a não ser ele. 
Assustado, ele foi ao cemitério varias vezes e nenhum sinal da moça que ele avia se apaixonado. danilowalker.com
Gwarach-y-Rhibyn
O significado do nome Gwrach-y-rhibyn, literalmente é "Bruxa da Bruma" mas é mais comumente chamada de "Bruxa da Baba". Dizem que parece com uma velha horrenda, toda desgrenhada, de nariz adunco, olhos penetrantes e dentes semelhantes a presas. De braços compridos e dedos com longas garras, tem na corcunda duas asas negras escamosas, coriáceas como a de um morcego. Por mais diferente que ela seja da adorável banshee irlandesa, a Bruxa da Baba do País de Gales lamenta e chora quando cumpre funções semelhantes, prevendo a morte. Acredita-se que a medonha aparição sirva de emissária principalmente às antigas famílias galesas. Alguns habitantes de Gales até dizem ter visto a cara dessa górgona; outros conhecem a velha agourenta apenas por marcas de garras nas janelas ou por um bater de asas, grandes demais para pertencer a um pássaro.
Uma antiga família que teria sido assombrada pela  Gwrach-y-rhibyn foi a dos Stardling, do sul de Gales. Por setecentos anos, até meados do século XVIII, os Stardling ocuparam o Castelo de São Donato, no litoral de Glamorgan. A família acabou por perder a propriedade, mas parece que a Bruxa da Baba continuou associando São Donato aos Stardling.
Uma noite, um hóspede do Castelo acordou com o som de uma mulher se lamuriando e gemendo abaixo de sua janela. Olhou para fora, mas a escuridão envolvia tudo. Em seguida ouviu o bater de asas imensas. Os misteriosos sons assustaram tanto o visitante que este voltou para cama, não sem antes acender uma lâmpada que ficaria acesa até o amanhecer. Na manhã seguinte, indagando se mais alguém havia ouvido tais barulhos, a sua anfitriã confirmou os sons e disse que seriam  de uma Gwrach-y-rhibyn que estava avisando de uma morte na família Stardling. Mesmo sem haver um membro da família morando mais  no casarão, a velha bruxa continuava a visitar a casa que um dia fora dos Stardling. Naquele mesmo dia, ficou-se sabendo que o último descendente direto da família estava morto.sobrenatural.org
Casa dos Rostos
Ao entrar em sua modesta cozinha em uma abafada tarde de agosto de 1971, Maria Gomez Pereira, uma dona de casa espanhola, espantou-se com o que lhe pareceu um rosto pintado no chão de cimento. 
Estaria ela sonhando, ou com alucinações? Não, a estranha imagem que manchava o chão parecia de fato o esboço de uma pintura, um retrato.
Com o correr dos dias a imagem foi ganhando detalhes e a noticia do rosto misterioso espalhou-se com rapidez pela pequena aldeia de Belmez, perto de Cordoba, no sul da Espanha. Alarmados pela imagem inexplicável e incomodados com o crescente número de curiosos, os Pereira decidiram destruir o rosto; seis dias depois que este apareceu, o filho de Maria, Miguel, quebrou o chão a marretadas. Fizeram novo cimento e a vida dos Pereira voltou ao normal.
Mas não por muito tempo. Em uma semana, um novo rosto começou a se formar, no mesmo lugar do primeiro. Esse rosto, aparentemente de um homem de meia idade, era ainda mais detalhado. Primeiro apareceram os olhos, depois o nariz, os lábios e o queixo.
Já não havia como manter os curiosos a distância. Centenas de pessoas faziam fila fora da casa todos os dias, clamando para ver a "Casa dos Rostos". Chamaram a policia para controlar as multidões. Quando a noticia se espalhou, resolveu-se preservar a imagem. Os Pereira recortaram cuidadosamente o retrato e puseram em uma moldura, protegida com vidro, pendurando-o então ao lado da lareira.
Antes de consertar o chão os pesquisadores cavaram o local e acharam inúmeros ossos humanos, a quase três metros de profundidade. Acreditou-se que os rastos retratados no chão seriam dos mortos ali enterrados. Mas muitas pessoas não aceitaram essa explicação, pois a maior das casas da rua fora construída sobre um antigo cemitério, mas só a casa dos Pereira estava sendo afetada pelos rostos misteriosos.
Duas semanas depois que o chão da cozinha foi cimentado pela segunda vez, outra imagem apareceu. Um quarto rosto - de mulher - veio duas semanas depois.
Em volta deste ultimo apareceram vários rostos menores; os observadores contaram de nove a dezoito imagens.
Ao longo dos anos os rostos mudaram de formato, alguns foram se apagando. E então, no inicio dos anos oitenta, começaram a aparecer outros.
O que - ou quem - criou os rostos fantasmagóricos no chão daquela humilde casa? Pelo menos um dos pesquisadores sugeriu que as imagens seriam obra de algum membro da família Pereira. Mas alguns quimicos que examinaram o cimento declararam-se perplexos com o fenômeno. Cientistas, professores universitários, parapsicólogos, a policia, sacerdotes e outros analisaram minuciosamente a imagem no chão da cozinha de Maria Gomes Pereira, mas nada concluiram que explicasse a origem dos retratos.sobrenatural.org

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Irlandesa Mitologia Post: O Dullahan



O Dullahan é um tipo de fada irlandesa que fica sem cabeça em cima de um garanhão preto que cospe fogo. Ele carrega a cabeça debaixo de um braço e um chicote feito de uma medula espinhal humana no outro. Ele mantém a cabeça sorrindo para o alto para lhe permitir ver através de grandes distâncias e às vezes ele usa-lo como uma lanterna para iluminar a mais escura da noite.


Imagem marcada para resue.  Clique para fonte.
(Ok, então não diretamente para realated O Dullahan mas perto o suficiente,
tinha muita dificuldade em encontrar imagens licenciadas para este! :))
Se você é infeliz o suficiente para contemplar a Dullahan então você deve esperar um balde de sangue a ser lançada sobre o seu rosto. Às vezes, o Dullahan torna espectadores cego de um olho, como punição para a captura-lo de vista. O Dullahan é o harbringer da morte e suga as almas dos seres humanos depois de chamar o seu nome fora.Todas as fechaduras, portas e portões abertos por conta própria como as abordagens Dullahan e não podem ser fechadas em sua presença. 

O Dullahan também foi conhecido para comandar um treinador negro silenciosa encabeçada por seis cavalos negros, um ônibus que viaja tão rápido que ele define a estrada abaixo dela saia. 

Estranhamente esta fada tem medo de ouro, uma pequena moeda de ouro é suficiente para afastar a Dullahan distância. A questão é: por quanto tempo?gothicphantomcat.com

sábado, 27 de setembro de 2014

A casa mal assombrada





Casa assombrada ou Casa mal-assombrada é o nome dado a uma casa onde supostamente acontecem eventos insólitos sem que se encontre uma causa física para os mesmos. Tais eventos podem ir desde ruídos ou movimentação de objetos até alegadas aparições de vultos mais ou menos distintos aos quais se chama deassombrações ou fantasmas.
Doutrina Espírita explica que esses fenômenos são produzidos por espíritos desencarnados que, para produzirem efeitos físicos como ruídos, movimento de objetos e sua própria aparição, se valem do ectoplasma produzido por um ou mais dos moradores que, geralmente sem o saber, possuem mediunidade extensiva.
Esses espíritos, ainda segundo a Doutrina Espírita, podem produzir tais efeitos com mais de um objetivo. Podem ser espíritos levianos querendo se divertir provocando o medo dos moradores, podem ser espíritos desejosos de se comunicarem, podem ser os espíritos de antigos moradores que ainda se julgam donos da casa, podem ser desafetos dos moradores atuais que querem perturbá-los emocionalmente ou, ainda, estarem ali por outros motivos.
O conhecimento da Doutrina Espírita e, particularmente, dos mecanismos da mediunidade é dito essencial para que quem mora em uma casa assombrada saiba como lidar com a questão. O Capítulo IX de O Livro dos Médiuns trata especificamente dos lugares assombrados, se bem que, para compreendê-lo, é recomendável a leitura de toda a obra.






misticismonegro.com

MALDIÇÃO DO FARAÓ



A Maldição do Faraó é a crença de que qualquer pessoa que perturbe a múmia de um faraó do Egito antigo, cai por uma maldição pela qual a vítima morrerá em breve. A Maldição do Faraó é uma lenda contemporânea que surgiu no início do século XX, ninguém sabe exatamente quem é o iniciador, mas a mídia, ao mesmo tempo tornou uma lenda de renome internacional.
Havia uma crença de que as tumbas dos faraós tinham maldições escritas sobre elas ou nos seus arredores, uma advertência a aqueles que sabem ler não entrassem. Há casos ocasionais de maldições que aparecem no interior ou na fachada de uma tumba, como no caso do mastaba de Khentika Ikhekhi da 6ª dinastia em Saqqara. Estas parecem ser mais dirigida para os sacerdotes ka para proteger cuidadosamente a tumba e preservar a pureza ritual, em vez de uma advertência aos ladrões em potencial. Embora tivesse havido histórias de maldições que remontam ao século XIX, elas se multiplicaram na sequência da descoberta de Howard Carter do túmulo de Tutankhamon.
Quando, em 1922, a tumba do rei Tut foi aberta por Howard Carter, as histórias ficaram mais próximas da realidade, porque nunca antes alguém tinha encontrado uma tumba intacta.
Assim, dá para imaginar a empolgação da imprensa ao testemunhar a abertura da tumba. Que emoção, abrir uma tumba que estava lacrada e respirar o ar de milhares de anos.
Voltando para trás na história, antes de encontrar a tumba, ainda na Inglaterra, Carter comprou um canário e o levou com ele para o Egito. No local das escavações, os operários disseram que o pássaro dourado traria boa sorte.
No dia em que foi encontrado o primeiro degrau, o que significava que tinham encontrado alguma coisa, Carter entrou em sua tenda, bem a tempo de ver uma cobra comendo o seu canário.
Talvez esse tenha sido o primeiro acontecimento da Maldição de Tutankhamon. Depois disso, em 1923, ainda no Egito, Lorde Carnavon foi mordido por um mosquito e o local infeccionou, o que o levou a morte cinco meses depois da descoberta da tumba.
Conta a lenda que, no momento em que Carnavon morria no Egito, sua cadela também morria na Inglaterra. Ainda dizem que todas as luzes da cidade do Cairo (Egito) se apagaram e acenderam diversas vezes no momento da morte de Lorde Carnavon.
A imprensa publicou uma inscrição que havia na parte externa de um santuário, onde estavam os Vasos Canopos. Essa inscrição dizia:



Aos que entrarem na tumba sagrada, as asas da morte visitarão em breve.

Ainda publicada na época, a inscrição num tijolo de barro encontrado em frente de uma estátua do deus Anúbis foi traduzida assim:



Matarei todo aquele que adentrar o recinto sagrado do grande rei...

Há outras maldições também importantes, além das muito conhecidas que estão relacionadas ao rei Tut. O Dr. Zahi Hawass, conta que na tumba de Petety e sua esposa, havia a seguinte maldição:



Escutem todos!
O sacerdote de Hathor castigará em dobro aquele que
entrar nesta tumba ou fizer qualquer mal a ela.
Os deuses o confrontarão, pois sou honrado pelo seu Senhor.
Os deuses não permitirão que qualquer coisa aconteça a mim.
O crocodilo, o hipopótamo e o leão devorarão aquele que causar
qualquer malefício a minha tumba.

Há diversos tipos de maldições nas tumbas, sempre ameaçando quem perturbar o morto: ou será assombrado por toda vida, ou julgado pelo grande deus ou mesmo, seus descendentes serão varridos do planeta.











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[LIVRO] OS CORVOS (ESPECIAL DE HALLOWEEN)

 

“Ao soar do terceiro corvo, o mal encontrará o caminho de casa. E levará toda a iniquidade de volta ao abismo”.

Leah abriu os olhos, finalmente convencida de que não conseguiria adormecer. Há meia hora tentava ignorar o barulho do lado de fora para repousar a mente, mas tudo indicava que a velha insônia estava de volta. Uma vez instalada, não havia nada que pudesse fazê-la ir embora.

Ao lado estava Eric, seu namorado de infância, e o único capaz de ocupar o cargo de melhor amigo. Ele estava em um sono profundo, quase infrangível, com os cabelos loiros caídos sobre a testa e o lençol deixando a mostra seu peitoral. Tão sereno que Leah não se sentiu no direito de incomodar. Seus pais chegariam a qualquer momento, seu cachorro precisava voltar para dentro de casa, mas Eric merecia mais alguns minutos depois de mais uma noite perfeita.

Então, jogou o lençol para o lado, saiu da cama e caminhou descalça até a janela. Pela vidraça, notou que as crianças ainda estavam pedindo doces pela vizinhança, usando fantasias tão assustadoras quanto apropriadas. Por um segundo, Leah havia esquecido que era Halloween. Não, não era apenas Halloween. Era Halloween na América. E isso explicava porque todas as pessoas estavam obcecadas com o dia trinta e um.

Além da comemoração do lado de fora, Leah também notou seu reflexo distorcido e quase impercebível na vidraça. Estava usando uma pequena blusa branca de alça, combinado de um mini short branco que sempre usava para dormir. Os longos cabelos pretos – que todos elogiavam – já não pareciam tão gloriosos, assim como as marcas vermelhas no pescoço que eram de inteira responsabilidade de seu namorado. Bem, não estava sendo um péssimo Halloween como imaginava.

— Hey... — Chamou Eric num sussurro, no mesmo instante em que Leah ouviu o rugido de um animal do lado de fora. Ela virou, a tempo de vê-lo fazer caretas por causa do sono. — O que você está fazendo?

— Nada. Você pode voltar a dormir.

— Seus pais já chegaram?

— Sim. E eles disseram que você pode dormir comigo sempre que quiser.

— É um pouco tarde para o sarcasmo... — Eric fechou os olhos e suspirou, dando um ar de risos. Logo em seguida, sentou na cama e puxou sua calça jeans para vesti-la.

— Você já vai embora?

— Não era esse o plano?

— É claro. — Leah assentiu, mesmo sabendo que sentado de costas para a janela, ele não podia enxerga-la. — A não ser que você queira ficar um pouco mais.

Eric franziu a testa. Já com a calça e os sapatos no corpo, começou a amarrar seus cadarços.

— E se seus pais chegarem? — Ele perguntou.

— Eu poderia ter medo de ficar sozinha em casa no Halloween. Poderia ligar pras minhas amigas e ouvir que todas estão ocupadas. Poderia ligar para o meu namorado como ultima opção depois de ser rejeitada por todas elas. E poderíamos estar vestidos na sala porque esta é uma casa de família.

— Nossa... — Eric se levantou, tinha acabado de vestir a camiseta preta antes jogada no chão. E com um sorriso cortês, caminhou até a namorada. — Esse é o seu lado malvado que você tanto fala? — Ele a agarrou para um beijo rápido. — Eu gosto.

— Melhor não se acostumar. — Ela sorriu e passou por ele, na direção de suas roupas jogadas no chão.

E em poucos minutos já estavam no andar de baixo. Eric permaneceu sentado no sofá, olhando pela enorme janela a sua esquerda e sendo aquecido pela lareira enquanto Leah preparava o lanche noturno na cozinha. Pão, queijo, bacon, alface, maionese, azeitonas e carne de hambúrguer. Tudo o que iria contra sua dieta. Mas exatamente tudo o que ela precisava.

Já com os ingredientes preparados, ela levou o prato ao micro-ondas e cronometrou um minuto. Pouca coisa havia a se fazer enquanto esperava, então, ela decidiu dar mais uma olhada na geladeira para ter certeza que não esquecera nada.

Mal ela abriu a porta e foi surpreendida pelo mesmo rugido de antes. Só que dessa vez, muito mais alto que o anterior. Leah olhou para a direção que o som indicava e viu um corvo andando de um lado para o outro na janela da cozinha. Ele tinha os olhos amarelos, e parecia bastante nervoso. Não era impossível haver corvos na sua cidade? Leah ainda estava em dúvidas.

Ela observou o pequeno animal com desconfiança até ouvir o apito do micro-ondas. Já que a janela estava fechada e ele não era perigoso, ela decidiu ignorar o susto e voltar para a sala com o prato cheio do que acabara de inventar.

— Está aqui. — Ela disse, colocando o prato em cima da mesinha do centro.

Eric não perdeu tempo, atacou o prato sem ao mesmo esperar Leah sentar-se na poltrona a sua frente.

— O que é isso? — Perguntou, de boca cheia.

— Eu não sei. Talvez tenha um nome na Tailândia.

— É ótimo.

A conversa foi interrompida pelo toque sutil do telefone dos Donovan. Não era difícil saber de quem se travava, já que apenas uma pessoa se importava.

— Hey mãe. — Leah levou o telefone a orelha.

— Querida, está tudo bem? — Mesmo com a musica alta no fundo, Leah conseguiu entender o que a mãe dizia.

— Sim. — Leah revirou os olhos, roubando assim uma risada do namorado. — Onde vocês estão?

— Assistindo a um show em um restaurante mexicano. As pessoas daqui são muito simpáticas.

— Diga que vamos nos atrasar! — Gritou Malcolm, o egocêntrico pai de Leah Donovan. Ou esta era apenas a opinião suspeita de Eric?

— Sim, querida, acho que vamos chegar tarde. Você quer que eu ligue para sua tia fazer companhia?

— Não, eu estou bem. Estou distribuindo doces às crianças e depois vou pra cama.

— Ok, durma bem. Eu te amo.

— Eu também te amo.

No momento em que a ligação fora encerrada, ouviu-se um grito desesperado do lado de fora. Era de uma mulher, ambos tinham certeza. E mesmo que o desconhecido os fizesse recuar, a curiosidade sempre seria a vencedora. Eles correram até a janela e viram, nitidamente, uma garota ensanguentada correndo pela rua em busca de ajuda. Ela batia desesperadamente de porta em porta, chorando, gritando, implorando para que alguém a salvasse do pesadelo que estava vivendo.

— O que é isso? — Eric semicerrou os olhos na tentativa de enxergar melhor.

— Acho que ela precisa de ajuda...

— Me ajudem, por favor! Eles querem me pegar! — A garota atravessou a rua, diretamente a casa vizinha aos Donovan. — Por favor! Abra a porta! Eu não quero morrer!

— Acha que é uma brincadeira de Halloween? — Eric olhou para Leah. Só iria acreditar que não era nada de mais se ela também acreditasse.

— Isso parece brincadeira pra você? — Leah recuou. Ainda estava com o telefone em mãos, e sabia exatamente o que fazer. — Vou ligar pra polícia.

— Por favor, me ajudem! — Gritou novamente a garota. Dessa vez, batendo na porta da casa dos Donovan. — Meu Deus, por favor! Eu não aguento mais!

Leah e Eric trocaram um olhar cauteloso.

— Nós temos que fazer alguma coisa... — Leah apertou o telefone em suas mãos. Era insuportável ouvir os gritos da garota sem poder tomar uma atitude.

— Leah, pode ser uma brincadeira. É Halloween.

— Ela precisa de ajuda...

Leah sentiu-se a ponto de explodir. E se fosse seu irmão, pedindo ajuda, implorando pela vida, e ninguém quisesse ajuda-lo? Dona de pensamentos moralistas, Leah sentiu-se obrigada a tomar uma atitude.

Quando correu para o hall e abriu a porta, a desconhecida invadiu a casa, completamente desesperada. Nem se importou com as pessoas a quem havia pedido ajuda, apenas trancou a porta ela mesma e observou a rua pelo olho mágico.

Eric levou apenas alguns segundos para perceber que algo muito ruim havia acontecido com aquela garota. Seus cabelos loiros estavam molhados e ensanguentados. Sua blusa cor de caramelo possuía uma rasgadura no formato de garras. E sua calça preta, estava coberta de lama. A tremedeira inconsistente, os hematomas nas costas e as unhas quebradas também faziam parte do mistério que ela se tornara.

— Leah, se afaste... — Eric, tão cuidadoso, levou a mão a frente da namorada para protege-la de qualquer coisa que poderia acontecer.

Bem devagar, a garota misteriosa recusou os passos, ainda olhando para a porta como se fosse sua maior inimiga.

— Eles não podem entrar... — Ela sussurrou, correndo para a enorme janela da sala de estar.

Eric e Leah correram atrás dela, mantendo uma distância segura. O que havia do lado de fora para que ela ficasse tão obcecada em olhar pela janela?

— Qual o seu nome? — Perguntou Eric, sem obter resposta. — Hey! — Ele gritou. Só assim ganhou a atenção da garota. — Perguntei qual o seu nome.

— Madison...

— O que aconteceu com você, Madison?

— Por favor, liguem pra polícia...

— Quem fez isso à você? — Leah fez um sinal com o telefone nas mãos para que Madison entendesse que estava falando sobre seus hematomas.

— Eu... — Ainda desesperada, a garota olhou para o próprio corpo. Não havia um nome para quem havia lhe machucado. E ninguém nunca iria acreditar.

Leah e Eric ainda estavam esperando uma resposta, mas ao invés disso, ouviram outro corvo cantar do lado de fora. A presença do animal só foi notada por Leah e Eric, quando, por causa dele, o estado de Madison se agravou.

— Vá embora! — Ela gritava, com as duas mãos na cabeça. E então, vomitou uma gosma preta no tapete, que imediatamente deixou Leah em pânico.

Madison desmaiou em cima do próprio vômito logo em seguida, deixando nas mãos de Eric e Leah seu destino. O que iriam fazer com a garota que bateu em sua porta pedindo ajuda? Quem estava lhe perseguindo? E será que havia encontrado? Eric sentiu, com a própria intuição, que todos eles poderiam estar em perigo.

Ele correu até o corpo de Madison e colocou dois dedos em seu pescoço. Ainda tinha pulsação.

— Ela está viva. — Ele virou para encarar o rosto pálido da namorada. — Leah, chame a polícia!

Mas a paralisia do medo não permitiu que Leah fizesse qualquer coisa. Seus olhos não conseguiam enxergar nada além de Madison, seus ouvidos não conseguiam ouvir nada além do cantar dos corvos.

— Leah, chame a polícia! — Eric gritou.

Leah, de volta a realidade, pegou o telefone que havia deixado cair no chão e discou nove-um-um. Uma gravação atendeu, orientando-a a esperar.

— Merda! Merda! Merda! — Resmungou para si mesma enquanto tentava ligar outra vez. Não era possível que aquilo estivesse acontecendo. Não com ela, não na sua casa. Isso só acontecia com as outras pessoas. Ou talvez ela fosse mesmo as outras pessoas de alguém.

Já na terceira tentativa, Leah ouviu uma nova gravação informando que todas as linhas estavam ocupadas no momento e que precisava esperar. Mas não havia como esperar.

— Eles não atendem! — Com as mãos trêmulas, ela tirou o telefone da orelha e olhou para Eric. Seu namorado estava virando o corpo de Madison para cima e limpando a gosma preta o quanto conseguia. — Todas as linhas estão ocupadas.

— Ligue para os vizinhos, diga que precisamos de ajuda.

— Ok. — Com a mesma pressa de antes, Leah discou o numero da vizinha do outro lado da rua. Quando foi atendida, quase não conseguiu controlar a euforia. — Daryl? Daryl? Precisamos de ajuda!

— Quem está falando?

— É a Leah, sua vizinha. Tem uma garota desmaiada na nossa sala, a polícia não atende, precisamos de ajuda!

— Espera, você abriu a porta para aquela garota que estava gritando?

— Sim... — Leah olhou novamente para a sala. Eric havia colocado a cabeça de Madison em cima de sua perna para lhe dar mais conforto. — Acho que alguém estava tentando mata-la, eu não sei se ainda está.

— Muito engraçado, Leah. Da próxima vez seja mais original quando for passar trotes. Adeus.

— Não! Não! — Leah gritou, mas infelizmente Daryl já havia desligado. — Eles desligaram, pensaram que era um trote.

— Meu Deus! — Eric soou irritado. — Será que não tem ninguém que possa ajudar? Essa garota está morrendo!

— Isso não é culpa minha!

— Merda! — Eric esticou uma das pernas para tirar o celular do bolso. — Fora de área. Tente ligar para os seus pais.

Leah prontamente obedeceu, mas algo estava errado. A polícia não atendia. O vizinho não se importava. O celular de Eric estava fora de área. E o telefone, que usara há poucos segundos, já não funcionava mais. Leah foi abaixando bem devagar o telefone da orelha enquanto processava tudo o que estava acontecendo.

— Está mudo. — Esforçando-se, Leah conseguiu sussurrar.

— O que? Mas que porra está acontecendo?

No silêncio que se formara, a campainha tocou. Leah, ainda no hall, olhou para a porta ao seu lado como se estivesse em perigo. Poderia mesmo ser alguém para ajuda-los, ou o toque sutil, quase como presunçoso, era de alguém que queria lhes fazer mal? E se Madison tivesse mesmo atraído aqueles que tentaram lhe fazer mal para aquela casa?

— Alguém tocou a campainha? — Eric continuou limpando o rosto de Madison.

Leah ficou na defensiva. Não sabia se respondia a pergunta do namorado ou caminhava até a porta. Não sabia se acreditava na teoria sobrenatural que passava por sua cabeça ou jogava tudo para o alto como a garota cética que sempre fora. Ateia, ela lembrou a si mesma. A garota que não crê em Deus, lembrou a si mesma. A garota que não acredita em absolutamente nada que não seja a lógica e a ciência. Poderia mesmo acreditar que o Halloween, os corvos, Madison e o vômito tinham ligação? Ou temer qualquer teoria era a maneira mais sábia de estar segura?

Percebendo que o namorado havia tomado controle da situação, Leah decidiu que faria o mesmo. Caminhou até a porta, aproximou a cabeça do olho mágico, e viu, nitidamente, uma garotinha com cabelos loiros e uma fantasia cinza como as roupas femininas da idade média.

Então era apenas uma criança procurando por doces. Não havia nada a temer.

Ao abrir a porta, Leah esperou que a pequena garota recitasse as palavras mágicas que valeriam o seu Halloween. Porém, ela nada disse. Nem mesmo moveu-se um só centímetro da posição em que estava. Seus olhos, que deveriam transparecer inocência, encaravam Leah a todo momento com uma apatia inexplicável.

— Deixe-me entrar. — Ela finalmente disse.

— Quem é você? — Leah recuou. Algo na garotinha de olhos azuis a deixava intrigada.

— Por favor, deixe-me entrar.

Sem saber o que fazer, Leah fechou a porta. Era um péssimo momento para entrar na brincadeira das crianças do seu bairro e comemorar o Halloween.

Dando apenas um passo na direção do corredor, a campainha tocou novamente. Leah olhou para a porta, deixando aos poucos sua desconfiança virar paranoia.

— Quem é? — Ela gritou.

— Deixe-me entrar. — Pediu a mesma voz de veludo da garotinha com quem tinha acabado de falar.

— Vá para casa. O halloween terminou.

— Eu quero entrar.

— Se você insistir, vou ligar para os seus pais.

Após a ameaça, nada mais se ouviu. Leah esperou alguns instantes por uma resposta até se convencer que havia funcionado. E então, voltou para a sala de estar, bem a tempo de ver Madison recobrar a consciência. Por causa dos machucados, seu corpo precisou acordar aos poucos. Primeiro os dedos das mãos começaram a tremer. Logo depois, os lábios começaram a se mover enquanto suas pupilas tremiam.

— Alguém veio ajudar? — Eric perguntou, com um olhar esperançoso.

— Era só uma garota pedindo doces...

— Merda! Acho que vou precisar sair para pedir ajuda. Você pode ficar com ela até eu voltar?

— É seguro lá fora? — Leah engoliu em seco. A vontade de provar ao namorado que também poderia tomar controle da situação estava prestes a descer pelo ralo.

— Temos que leva-la a um hospital, o estado dela é grave. — Eric levantou a cabeça para ter uma melhor visão da janela. — Vou pedir ajuda aos vizinhos.

— Não é melhor tirarmos ela daqui?

— Não! — Madison agarrou o punho de Eric e abriu completamente os olhos. Sua força, apesar de suas condições, era utópica. — Não podemos sair, eles estão lá fora.

Leah e Eric trocaram outro olhar cauteloso. Madison parecia estar mais calma, apesar das palavras enigmáticas. Talvez com um pouco de estímulo ela pudesse explicar o que estava acontecendo.

— Quem está lá fora? — Perguntou Eric.

— Todos eles. Eles querem entrar.

Leah imediatamente legou as palavras de Madison a garotinha que batera em sua porta. “Deixe-me entrar”. Fazia algum sentido? Tinha ligação com Madison? Ou era apenas sua cabeça tentando encontrar uma explicação lógica para uma noite onde tudo resolveu não fazer sentido algum?

— Quem são eles, Madison? — Eric perguntou novamente.

— Os olhos negros. Eles vêm com os corvos...

— Madison, precisamos pedir ajuda para você... — Eric se afastou quando percebeu a garota agitada.

Madison se levantou de maneira ríspida e correu desesperada até a janela. Mais uma vez espantando Leah e Eric.

— Não é seguro lá fora... Estão todos esperando.

— Madison, seus ferimentos são graves. Precisamos pedir ajuda. — Eric deu dois passos a frente.

— Você não entende? — Madison gritou, histericamente. — Eles todos vão nos matar!

— Já chega, ouvimos o bastante por uma noite! Temos que sair daqui!

Eric mal conseguiu dar dois passos na direção da porta de entrada. Madison, enlouquecida, pulou para impedi-lo de continuar o que estava pensando em fazer. Era a única maneira de mantê-lo vivo pelo resto da noite.

— Não vou deixar você morrer! — Gritava Madison enquanto tentava puxa-lo para a sala de estar.

Leah estava ao lado deles, gritando o máximo que podia, tentando encontrar uma maneira de salvar o namorado. Ou era exatamente o que Madison estava tentando fazer? Era difícil raciocinar com todos aqueles gritos e todos aqueles pensamentos que nunca havia tido.

Então, movida pelo instinto, Leah agarrou o castiçal ao lado da TV e acertou Madison na cabeça. A garota caiu inconsciente no chão, com os cabelos na frente do rosto e os ferimentos no corpo a mostra pelas brechas da roupa rasgada. Eric já podia respirar aliviado, mas estava preocupado com o que Madison poderia fazer com ele e Leah dentro daquela casa. Nenhum dos dois poderia deixar que a loucura da garota o impedissem de fazer o que era certo.

— Amarre-a. — Eric limpou a gota de sangue que escorria de seus lábios. — Vocês têm corda?

— Amarrá-la? — Leah abismou-se.

— Precisamos mantê-la sobre controle enquanto eu peço ajuda. Vocês têm corda ou não?

— Só fitas, estão no armário.

Leah saiu correndo na direção da cozinha. Abriu o armário de porta verde, tirou o rolo de fitas e chutou o balde de volta para o lugar de onde escorregou. Quando voltou, Eric já havia posicionado Madison em uma cadeira de madeira.

Durante todo o momento em que passou a fita para prender o braço direito de Madison, Leah se perguntou se estava mesmo fazendo a coisa certa. Quando abriu a porta e deixou a estranha entrar, estava certa de que deveria ajuda-la. Mas agora, depois de tantas reviravoltas, Leah só estava pensando na maneira mais saudável de salvar a si mesma. Imobilizar Madison, apesar de contraditório, estava ajudando a se sentir mais segura naquela noite de halloween.

— Termine, eu vou pedir ajuda. — Ordenou Eric enquanto se colocava de pé. Ainda faltava um braço de Madison para prender. — Tranque todas as portas e janelas da casa quando eu sair.

— Tudo bem. — Sem pestanejar, Leah obedeceu. Passou para o outro lado da cadeira e começou a enrolar a fita no outro braço de Madison. — Por favor, vai depressa. — Leah relutou para impedir que uma lágrima caísse de seus olhos. Só queria que aquela noite terminasse de uma vez por todas.

— Tranque a porta! — Lembrou Eric mais uma vez antes de sair.

— Ok. — Leah anuiu.

Quando terminou de enrolar a fita nos braços de Madison, ela correu na direção da porta de entrada. Bastou girar a chave fixa para que se sentisse mais segura. Mas Eric ainda estava lá fora, exatamente onde Madison não queria estar.

Para matar a curiosidade, ela voltou à sala de estar e olhou pela janela. Eric estava atravessando a rua, diretamente para a residência da Senhora Daryl Stevens. Ele estava seguro, parecia bem de saúde, e não havia ninguém para machuca-lo. Leah sabia que nada estava errado, só precisava explicar isso a própria consciência pesada.

Ao ouvir um barulho no andar de cima, as instruções do namorado lhe vieram a mente. Trancar todas as portas. Trancar todas as janelas. Ficar segura. Não parecia tão impossível com Madison inconsciente amarrada na cadeira.

Em passos cautelosos, Leah caminhou até a escada, e do primeiro degrau, olhou para o andar de cima. Nada fora do comum. E até onde seu ceticismo poderia provar, não havia motivos para não ter sido apenas o vento.

Ela olhou uma ultima vez para Madison amarrada, deu um grande suspiro e começou a subir as escadas mantendo a mesma cautela de antes. Apesar da vagarosidade de seus passos, ela rapidamente conseguiu chegar ao segundo andar, deparando-se com dois corredores. O corredor a sua frente, onde ficavam os quartos de seus pais e o quarto de hóspedes, estava iluminado por completo. Já o corredor a sua esquerda, onde havia uma enorme janela com a vista para o jardim, estava totalmente escuro, como se a lâmpada tivesse queimado.

Leah sabia que precisava fechar todas as portas e janelas de ambos os corredores, mas quando olhou, como num reflexo, para o corredor escuro, viu uma sombra se movimentar para dentro do ultimo quarto, passando pelas cortinas brancas da janela que balançavam com a ajuda do vento.

Leah entrou em pânico.

Correu na direção do topo das escadas pensando em gritar pelo nome de Eric, mas parou assim que colocou os pés no primeiro degrau. O que estava acontecendo? Leah já não conseguia reconhecer a si mesma. Onde estava a garota corajosa que invadiu o trânsito para impedir o atropelamento do seu sobrinho? Ela estava mesmo com medo de uma sombra? Com medo de algo que tanto provou não existir? Madison era real. Sua loucura era real. Mas uma sombra não poderia ser real.

Tentando provar a si mesma que não havia nada a temer, Leah deu meia volta e marchou em direção a janela. Passo a passo. Bem devagar. Como se chegar ao seu destino não fosse a coisa mais importante em que estava pensando.

E enfim, estava cara a cara com a janela. Só havia percebido que o vento fazia barulho quando fechou a vidraça e viu a si mesma no meio de um silêncio absoluto no corredor. Ao seu lado estava o quarto do seu irmão, com a porta entreaberta, como se a sombra que vira antes realmente tivesse entrado. Bem, era o que ela estava disposta a descobrir.

A porta foi aberta vagarosamente com a ajuda de seus dedos, e parou exatamente no meio do percurso. Leah observou o quarto como um todo, nada havia de errado a não ser a janela aberta do outro lado, também fazendo o mesmo barulho que a janela do corredor. Devido ao formato do telhado da casa dos Donovan, qualquer pessoa poderia escalá-lo, e qualquer pessoa poderia entrar com a janela aberta.

Leah caminhou até a extremidade do quarto e puxou o trinco para que a vidraça descesse. Pegando-a de surpresa, a porta do quarto fechou-se de maneira severa sem ninguém tocá-la. Ela virou com o susto, finalmente admitindo para si mesma que algo estava errado. Mas esta era apenas a primeira surpresa que lhe esperava dentro do quarto.

Do mesmo jeito que a porta, a janela atrás de Leah fechou-se sozinha. E do lado de fora, sentado no telhado, ela viu um garoto de terno e gravata com uma boina francesa. Pela palidez e as olheiras, não parecia estar vivo.

— Deixe-me entrar. — Ele pediu.

— Vá embora! — Leah gritou.

— Não...

E como num passe de mágica, seus olhos ficaram pretos, e sua boca estendeu-se num tamanho humanamente impossível a medida que ruídos semelhantes a gritos estavam se formando.

O desespero de Leah lhe levou de volta a porta de entrada, mas para sua surpresa, ela estava trancada. E nem mesmo a maçaneta girava em sua mão.

Quando percebeu que ficaria naquele quarto junto das aparições de olhos negros que desejavam entrar em sua casa, Leah enlouqueceu. Soltou gritos ensurdecedores enquanto batia freneticamente na porta, ingenuamente pensando que era o suficiente para estar a salvo. Mas não era.

O escândalo que havia se formado dentro do quarto acabou despertando Madison no primeiro andar. Ainda zonza por causa da pancada na cabeça, ela moveu a cadeira para o lado, inutilmente tentando livrar-se da fita cinza que prendia seus braços a madeira. Logo em seguida, tentou mover a cadeira para o outro lado, mas também não obteve bons resultados.

— Leah! — Madison gritou. Leah, no andar de cima, continuava gritando intensamente pelo nome do namorado.

Madison olhou para a fita que prendia seus braços, estava tendo uma ideia brilhante. Se continuasse tentando mover a cadeira, nunca conseguiria sair dali. Então, só precisava inclinar-se até o limite e tirar a fita com os dentes.

Em poucos segundos, Madison já havia cuspido vários pedaços da fita no tapete da sala. E continuou a tirá-los com os dentes até libertar o braço esquerdo.

— Leah! — Ela gritou novamente, usando o braço esquerdo para desenrolar a fita que prendia o outro.

Quando finalmente conseguiu desamarrar-se por completo, Madison subiu correndo as escadas até o quarto de onde vinham os gritos de Leah.

— Leah, abra a porta!

— Madison! Madison! Ele trancou a porta! Eu não consigo sair! Me ajude!

— Como eu abro? — Madison continuou tentando girar a maçaneta, mas foi inútil.

— Por favor, Madison! Abra a porta! Ele vai me matar! — Leah mal conseguia conciliar o choro com a própria voz.

— Se afaste! — Madison recuou três passos. E na contagem do três, correu na direção da porta para arromba-la. Nada aconteceu.

— Madison, por favor!

Ao notar um estranho ruído a sua direita, Leah cessou os gritos. Ela sentia, da cabeça aos pés, que estava sendo observada por alguém. E mesmo sabendo que não gostaria do que estava prestes a ver, ela decidiu virar o rosto. Não havia nada além de um guarda roupa branco embutido na parede com as duas portas abertas. Ela não sabia se havia algo errado, já que deixou de notar o guarda roupas no momento em que colocou os pés no quarto do irmão. Mas mesmo assim continuou observando a porta da direita, que balançava de um lado para o outro.

— Leah, você está bem? — Madison ainda estava do outro lado da porta, preocupada com o que poderia ter acontecido.

Antes que Leah pudesse lhe responder, alguém saiu de dentro do armário correndo em sua direção. O impacto fez Leah cair no chão, e uma vez indefesa, ela começou a ser arrastada para dentro do armário. Leah podia sentir os dedos gelados e as unhas grandes cravadas em sua perna, mas nada podia fazer contra a força monstruosa de alguém que ela tinha certeza não ser humano.

As palavras “Deixe-me entrar” foram as ultimas coisas que ouviu antes de apagar.
 
 
Leah abriu os olhos, inevitavelmente inalando a poeira espalhada ao seu redor. Pouca coisa se lembrava dos seus ultimos momentos de consciência, mas nada que explicasse porque ela estava num lugar apertado, escuro e cheio de teias de aranhas. O que aconteceu depois que viu aquela garota deformada sair de dentro do guarda roupas? Leah já estava começando a duvidar da própria sanidade.

Pelo pouco que conseguia enxergar, não parecia estar em sua casa. Era apenas um lugar apertado onde só cabia se estivesse em pé. E onde os ratos poderiam caminhar livremente.

Tentando encontrar uma saída, Leah marchou para o lado esquerdo, sem poder ficar de frente para o caminho de seu desejo. Algumas teias de aranha encontraram seu rosto no meio do trajeto, enquanto a poeira caia de cima sempre que tentava apressar os passos.

— Madison! Eric! — Ela tentou bater na parede a sua frente, mas só o que acarretou foi mais uma chuva de poeira sobre seu corpo.

Leah deu mais dois passos para o lado, chegando próximo a uma pilha de entulhos que impedia sua passagem. No momento em que puxou alguns objetos para abrir caminho, três ossadas femininas caíram em sua direção. O nojo, o medo, a repulsa... Leah não sabia ao certo porque estava gritando. E mal podia compreender porque estava naquele local junto de cadáveres. Ela seria a próxima? Ela seria deixada ali para morrer como as outras? Era repugnante só de pensar.

Caminhando de um lado para o outro na sala de estar, Madison ouviu os gritos de Leah e imediatamente correu a cozinha. Os gritos, se bem estava entendendo, vinham de dentro da parede da esquerda, atrás dos armários.

— Leah?

— Madison! Me tira daqui! Me tira daqui!

— Leah! Ai meu Deus... — Madison olhou ao redor. O que poderia usar para quebrar uma parede?

— Me tira daqui!

Madison correu até o armário de porta verde e acabou encontrando um machado vermelho, próximo dos produtos de limpeza e das inúmeras bolas de boliche dos Donovan. Pela primeira vez a sorte parecia estar a seu favor.

— Leah, se afaste! — Ordenou. A força do golpe fez o machado atravessar a parede, a apenas vinte centímetros do rosto de Leah.

Madison continuou golpeando a parede com a machado até criar uma grande abertura. Leah saiu as pressas quando a nova amiga estendeu as mãos, deixando cair no piso da cozinha um dos cadáveres que encontrara.

— Eles estão mortos! Eles estão mortos! — Leah correu até a extremidade da cozinha para poder observar o buraco. O cadáver que saiu junto consigo estava de bruços no chão, e possuía um vestido amarelo florido.

— Leah... — Madison também observou a ossada.

— O que... O que aconteceu nessa casa? — Perguntou Leah, tentando conciliar a respiração ofegante com a própria voz. Estava com tanto medo que sentia o corpo inteiro estremecer.

— É por isso que estamos aqui, é por isso que eles escolheram esta casa...

— Eles...? Eles quem?

— “Ao soar do terceiro corvo, o mal encontrará o caminho de casa. E levará toda a iniquidade de volta ao abismo”.

— Madison! — Leah puxou o braço da garota para olhá-la nos olhos. — O que está acontecendo.

— Uma vez por ano, na noite em que os espíritos têm permissão para caminhar entre os vivos, os corvos aparecem pessoalmente para ceifar qualquer alma pecadora que os deixe entrar... — Madison olhou novamente para o cadáver. — O que aconteceu nesta casa é o motivo de estarem aqui. Eles querem que alguém pague pelo sofrimento daqueles que foram tirados de nós.

— Meu Deus! — Leah recuou. Já não podia mais se dar ao luxo de manter-se intacta, precisava deixar lágrimas caírem como bem entendessem. — Eu não fiz nada! Ninguém fez nada!

— Há quanto tempo vocês vivem nesta casa? — Madison olhou para Leah.

— Um ano...

— Alguém tem que pagar pelos pecados cometidos.

— O que isso significa?

— Leah... — Madison se aproximou. — Eles não podem nos machucar sem a permissão para entrar. E vão fazer de tudo para que a gente saia. Nada do que vemos é real.

— Quem você é?

— A pessoa que os deixou entrar uma vez. E perdeu tudo.

— Leah, abra a porta! — Gritou Eric do lado de fora. — Leah, sou eu. A polícia já está a caminho!

Leah levou mais dois segundos encarando Madison para perceber que precisava ir até Eric. Com a polícia a caminho, aquela pesadelo iria terminar.

Ela correu da cozinha até o hall, enxugando as lágrimas para que o namorado não visse. E quando abriu a porta, deu de cara com uma garotinha asiática de cabelos pretos e vestido branco. Ela estava com uma faca cheia de sangue na mão direita e a cabeça de Eric na esquerda, ainda com alguns músculos grudados e os olhos avermelhados.

— Deixe-me entrar. — Disse a garotinha, com um sorriso diabólico nos lábios.

Leah apenas recuou aos poucos, mantendo as mãos trêmulas em frente a boca. Ela não sabia se ainda podia sentir qualquer coisa, mas sabia que seria justo deixar os corvos entrarem.

Madison, recém chegada ao hall, correu para fechar a porta antes que Leah cometesse uma loucura. Mas a garota não saiu do lugar. As mãos ainda estavam na boca quando as lágrimas começaram a descer pelo rosto e as pernas fraquejaram. Para lidar com o que tinha acabado de ver, Leah só precisava sentar-se no chão e chorar.

— Leah, não! — Madison se abaixou para consolá-la. — Leah, eu sinto muito. Eu sinto muito.

— Não! Eric, não! Eu quero sair!

— Leah, não. Você não pode desistir.

— Eu vou mata-los! — Leah tentou se levantar, mas Madison estava decidida a não deixa-la fazer nada que iria causar arrependimento. Ela não poderia matar os corvos. Os corvos não poderia ser mortos. Nenhum ceifeiro pode ser punido com o castigo da morte.

— Leah, temos que ficar aqui dentro... — Madison aproximou-se do rosto da garota, falando em sussurros. — Nós temos que lutar.

— Não... Eu vou mata-los!

Leah empurrou Madison contra a parede, pegando o machado que havia deixado no chão. E furiosa correu até a porta. Ninguém mais estava lá. Nem a garotinha, nem Eric, e nem o sangue. Só o que Leah conseguia ouvir era o barulho dos grilos no jardim e uma antiga musica de Halloween tocando na casa dos vizinhos.

— Leah, feche a porta... Eles não gostam de ser desafiados... — Madison se aproximou, cada passo com bastante cautela.

Leah estava prestes a dar um passo a frente para o lado de fora quando a porta fechou-se sozinha, da mesma maneira que acontecera no segundo andar. E então, todos os aparelhos da casa ligaram ao mesmo tempo, como se houvesse energia por todos os lados. A mesma energia que estava fazendo as lâmpadas piscarem e o celular de Eric vibrar no chão. Era o suficiente para enterrar a Leah cética para todo o sempre.

— O que está acontecendo? — Leah esperou por uma resposta, mesmo percebendo que Madison sabia tanto quanto ela.

— Leah...

Antes que Madison conseguisse terminar sua frase, as lâmpadas da casa começaram a estourar. Uma atrás da outra, começando pela cozinha, e estendendo-se até o hall.

Pensando que o caminho da cozinha não era seguro, Leah e Madison correram até as escadas, tentando proteger-se dos quadros, que por motivo algum, caiam sobre suas cabeças.

Já no segundo andar, as lâmpadas continuaram a quebrar seguindo os passos das garotas, até que um dos quadros do corredor da direita deixou Madison para trás.

Quando olhou para frente, Madison se deparou com uma mulher sem olhos, vestida exatamente da mesma maneira que a ossada encontrada por Leah. Não houve tempo para correr, ou sequer reagir. O susto fez Madison se desequilibrar e despencar por cima do corrimão até o primeiro andar.

Leah, que caíra em cima do tapete antes de chegar até a porta, olhou para trás a tempo de ver Madison cair junto da aparição sem que precisassem tocá-la. E por todas as vezes em que Madison lhe salvou, Leah gritou o mais alto que pôde, com a ingenuidade daqueles que acreditam poder voltar atrás. Sua dor era a única coisa que a impedia de perceber as lâmpadas normalizadas e os aparelhos eletrônicos sem emitir som algum.

Ela levantou-se, deu três passos a frente, e então, desistiu de caminhar. Estava sentindo aquela sensação mais uma vez. A sensação de estar sendo observada, de estar sendo odiada, de estar sendo espreitada. Aquela sensação que sentira a noite inteira e só agora lhe fazia sentido. E se nada mais tinha a perder, o que poderia impedi-la de olhar para, diretamente nos olhos do mal? Absolutamente nada.

Devagar ela virou a cabeça para o fim do corredor, e por apenas um segundo, conseguiu ver a abominação de quem todos têm medo. O bicho papão que ela temia. O homem debaixo da cama que tanto lhe deixava acordada. O diabo, não como diabo, mas como a representação de todo o mal. Não tinha forma, muito menos fazia sentido. Mas em apenas um segundo, olhando em seus olhos, Leah desejou que já estivesse morta.

A criatura correu em sua direção, mais rápido que qualquer coisa. E desapareceu como um fantasma quando conseguiu fazer Leah despencar para o primeiro andar exatamente como Madison. Sem tocá-la, sem que precisasse existir como matéria para conseguir o que queria.

Leah bateu a coluna no corrimão da escada, chegando ao piso do primeiro andar quase sem forças para respirar. Seu rosto estava cheio de sangue, suas pernas mal atendiam a seus comandos, e sua visão já estava começando a embaçar. A dor no corpo e o braço quebrado estavam implorando para que ela esperasse a morte, mas algo dentro de si lhe dava forças para continuar se arrastando pelo chão.

Ela conseguiu passar o corpo sem vida de Madison até chegar bem próximo a porta de entrada. Era seu limite, nenhum outro membro tinha forças para responder ao seu comando.

Ao pensar que realmente tudo estava acabado, a porta da frente lentamente se abriu. E lá estava a mesma garotinha de roupas cinzas que batera na porta assim que a noite começou. Com o mesmo olhar apático, o mesmo cabelo delicado, e também, com o mesmo propósito.

— Deixe-me entrar. — Ela pediu pela ultima vez.

Leah estava implorando por qualquer coisa que tirasse seu sofrimento, mas nunca se daria por vencida. Se tivesse que morrer, morreria com todos eles lá fora, como a garota que nunca os deixou entrar.

— Vá se foder! — Ela gritou, cuspindo sangue.

Em meio a um olhar vazio, surgiu um pequeno sorriso nos lábios da garotinha. Seus olhos azuis imediatamente mudaram para negros, como o de todos os outros corvos.

— Eu já entrei. — Ela sussurrou.

Leah tentou encontrar sentido em suas palavras, mas desistiu assim que ouviu um ruído atrás de si mesma. Era Madison levantando do chão, com a maioria dos ossos quebrados, e os olhos negros assim como todos os outros corvos.

O mal recebera permissão para entrar desde o começo. E agora, era tarde demais.

— Obrigada por permitir a minha entrada. — Disse Madison, posicionando a mão direita em frente ao corpo. — O mal não reside mais aqui.

Uma luz branca tomou conta da casa inteira enquanto Leah gritava pela ultima vez. Ao abismo se foram. E para sempre.

Boa noite, tenham todos um Halloween assustador!
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